O Brasil é o país com mais tradição na Copa do Mundo. Além de ser o maior campeão, com cinco títulos, também é o que tem mais vitórias, mais gols e mais participações. A seleção brasileira, aliás, é a única a ter disputado as 22 edições do torneio, incluindo a atual, de 2022, no Catar.

O uniforme do país, amarelo, é reconhecido no mundo inteiro como um sinônimo de bom futebol, dribles, jogadas bonitas, gols e títulos. Ele virou até apelido para representar a seleção: Amarelinha. Não foi sempre, porém, que o Brasil usou amarelo. Nas primeiras Copas do Mundo, os brasileiros atuavam de branco. A mudança veio como uma espécie de superstição, também como forma de deixar para trás o trauma pela perda do título em 1950, no Maracanazo, quando a seleção foi derrotada pelo Uruguai, na partida decisiva, atuando em casa.

Estreia na Copa do Mundo foi de branco

Na primeira edição da Copa, em 1930, disputada no Uruguai, a seleção brasileira jogou com um uniforme branco. Foi com essa mesma cor que os brasileiros haviam conquistado, anos antes, os dois primeiros títulos de Copa América, ambas disputadas no Brasil, em 1919 e 1922. Em 2019, inclusive, a CBF lançou uma camisa branca em homenagem aos 100 anos da primeira conquista brasileira na competição.

O Brasil não venceu a Copa do Mundo de 1930, e voltou para o Mundial seguinte, em 1934, com praticamente o mesmo uniforme. Em 1938, repetiu a dose, mudando apenas as golas, que, diferentemente das anteriores, foram em formato de V.

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A última Copa em que o Brasil atuou de branco foi em 1950, em casa. O modelo tinha uma gola polo detalhada em azul e o escudo da então CBD (Confederação Brasileira de Desportos). A seleção chegou à última partida, contra o Uruguai, com chances de título. Para isso, bastaria empatar com os uruguaios no Maracanã, diante de um público de 173.850 pagantes. Os brasileiros saíram na frente, com gol de Friaça, mas sofreram a virada, com tentos de Schiaffino e Ghiggia, e perderam por 2 a 1. A perda do título sacramentou o fim do uniforme branco, visto como ‘azarado’.

Amarelinha surgiu em concurso

Para a Copa do Mundo de 1954, também como forma de espantar o fantasma do Maracanazo, o jornal Correio da Manhã promoveu um concurso para escolher o novo uniforme da seleção brasileira. A disputa, que aconteceu em 1953, foi vencida pelo então jovem gaúcho Aldyr Schlee, que tinha apenas 18 anos e se sobressaiu contra mais de 200 candidatos. De 1954, na Copa do Suíça, em diante, a seleção nunca mais deixou de ter o amarelo como uniforme principal.

Camisa azul trouxe sorte

Em 1958, na Copa disputada na Suécia, o Brasil jogava de amarelo pelo segundo torneio consecutivo. Foi assim durante toda a disputa. A seleção, que tinha o jovem Pelé como o grande destaque, chegou à final contra os donos da casa, os suecos, que também usavam o amarelo como cor principal.

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Algumas versões dizem que os brasileiros haviam viajado à Europa sem um segundo uniforme. Quando souberam que teriam de encarar a Suécia com uma cor diferente, então, buscaram, lá mesmo, novas camisas. O chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, teria escolhido o azul por ser da mesma cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Há quem diga, porém, que isso foi apenas um ‘artifício’ usado para motivar os jogadores.

As camisas azuis foram bordadas com o escudo da CBD e, com elas, o Brasil, após vitória por 5 a 2, conquistou o primeiro título mundial. A cor, então, passou a ser usada com frequência pela seleção.

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Curiosamente, a camisa azul já havia sido usada pelo Brasil em uma Copa, mas sem seu escudo, de maneira ‘não oficial’. Em 1938, quando os brasileiros ainda jogavam de branco, uma partida contra a Polônia causou um imprevisto. Ambas as equipes atuavam com o uniforme da mesma cor, e os brasileiros também precisavam de uma nova camisa para se diferenciar. A equipe pegou camisas emprestadas, às pressas, na cor azul. Na ocasião, porém, o azul foi algo passageiro.

Camisa amarela ganha o mundo

Com o passar dos anos, o Brasil fez do uniforme amarelo uma parte de sua identidade. Ganhou apelidos, como Amarelinha e Canarinho, em referência à cor, e se eternizou de maneira mundial como o ‘país do futebol’. Desde então, as mudanças não foram mais de cores, mas sim de estilo, designs, golas e afins.

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Em 1962, por exemplo, no segundo título mundial, a seleção brasileira jogou com mangas longas. Até a Copa de 1966, os modelos, em geral, eram bem parecidos, com golas destacadas.
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A principal mudança surgiu na Copa de 1970, no Mundial do México, quando o Brasil conquistou o tri. A camisa que encantou o mundo, à época, tinha gola redonda, em verde, e também nas mangas. O uniforme era feito pela marca Athleta, que também esteve nas campanhas vitoriosas de 1958 e 1962.
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Em 1974, ainda com a mesma fornecedora, a camisa era bem parecida com a anterior, mas agora possuía as três estrelas acima do escudo, representando as três conquistas mundiais.

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Em 1978, o Brasil passou a ter a Adidas como fornecedora de material esportivo. A camisa foi diferente de todas as usadas até então, com as três listras da marca representadas nas mangas e com detalhes parecidos nos números.

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Na Copa de 1982, disputada na Espanha, novamente houve mudanças no uniforme brasileiro. A CBD passou a ser CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e mudou o escudo, que tinha a taça Jules Rimet, representando o tricampeonato mundial. O modelo era com golas redondas em verde.

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A Copa de 1986 continuou trazendo novidades. Dessa vez, com nova marca fazendo os uniformes, a Topper, que teve sua logomarca estampada na camisa, algo que não acontecia antes. A gola também mudou, e, parecida com os primeiros modelos, era polo. A marca repetiu a dose em 1990, com um uniforme bastante parecido, com pequena mudança na gola.

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A conquista do tetracampeonato, em 1994, teve uma das camisas da seleção brasileira mais diferentes já usadas. Além da mudança do escudo da CBF, que passou a ser mais próximo do que conhecemos hoje, o uniforme tinha marcas d’água com vários escudos da entidade desenhados. A gola era em V e com detalhes verdes.

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A Nike assumiu como fornecedora de material esportivo na Copa do Mundo de 1998, e a parceria se mantém até hoje. No primeiro Mundial, duas listras, uma grossa e outra mais fina, na altura dos ombros, ganharam destaque. A manga também tinha detalhe em verde. Com a nova marca, a seleção passou a ter sempre uniformes diferentes.

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Em 2002, o modelo era reproduzido por outras seleções que tinham a Nike como fornecedora. A camisa amarela ganhou ainda mais detalhes em verde, dessa vez, menos na gola.

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Em 2006, a gola voltou a ser verde e o amarelo teve destaque sozinho, em um modelo mais ‘limpo’.

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Na Copa de 2010, novamente a Nike optou pela ‘sobriedade’. O uniforme tinha apenas gola e uma faixa em verde na altura dos ombros.

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Em 2014, na Copa disputada no Brasil, o único detalhe foi na gola, verde, que ‘descia’ um pouco no peito.

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O uniforme da Copa de 2018 foi um dos mais ‘limpos’ que a Nike já fez. Todo em amarelo, o único detalhe, quase imperceptível, era na gola, na parte de trás.

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Em 2022, no Catar, a empresa voltou a ousar e criou uma espécie de marca d’água texturizada, representando uma onça-pintada, para o Brasil buscar o hexacampeonato – veja os principais palpites na Copa do Mundo. A camisa também teve novamente detalhes em verde na gola e nas mangas.

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Uniformes azuis com ‘identidades próprias’

Em algumas Copas, as camisas azuis, segundo uniforme, foram representações da camisa principal em outra cor. Houve, porém, Mundiais em que o azul ganhou um modelo especial. Em 1994, por exemplo, a marca d’água, que na camisa principal era com o escudo, foi feita com o nome da CBF.

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Em 2010, o uniforme azul tinha diversas bolinhas amarelas como detalhes.

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Em 2018, uma marca d’água com formatos de estrelas fez bastante sucesso.

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Já na Copa atual, de 2022, os detalhes ficaram por conta das mangas, também em homenagem à onça-pintada, em verde

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