O que foi a 'Batalha dos Aflitos' na Série B?
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Duelo entre Náutico e Grêmio, na Série B de 2005, ficou conhecido como Batalha dos Aflitos; veja o que rolou no confronto
Sábado, 26 de novembro de 2005: o dia que não sai da cabeça dos torcedores do Grêmio. Quem assistiu à partida entre Náutico e o Tricolor gaúcho não se esquece do que viu. Os dois times protagonizaram um dos maiores jogos da história do futebol brasileiro, com tantas nuances que virou filme e ganhou até nome próprio: Batalha dos Aflitos.
O nome vem do local onde o duelo foi realizado, o Estádio Eládio de Barros Carvalho, em Recife, Pernambuco, conhecido como Estádio dos Aflitos. E 'batalha' mostra um pouco do que os gremistas passaram naquele confronto válido pelo Brasileirão Série B de 2005.
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O Grêmio havia sido rebaixado no Campeonato Brasileiro do ano anterior. Tentando voltar para a elite, o clube contratou o então jovem treinador Mano Menezes, que em 2004 havia conduzido o 15 de novembro, modesto time do Rio Grande do Sul, para a semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Santo André, que posteriormente foi campeão, em uma das maiores zebras da história da competição, um dos poucos times a chegarem à final estando na Série B.
O elenco gremista em 2005 era modesto, sem muitos jogadores de destaque. No banco de reservas, porém, havia jovens que, depois, brilhariam, como Marcelo Grohe, Lucas Leiva e Anderson. Aquela edição da Série B foi a última antes da adoção do sistema de pontos corridos, que veio para padronizar e ter uma disputa parecida com a que acontece na primeira divisão.
No ano da Batalha dos Aflitos, 22 equipes disputaram a segundona. Houve uma primeira fase, de turno único, com cada time se enfrentando em pontos corridos. Ao fim, os oito melhores colocados se classificaram para a segunda fase, e os seis últimos foram rebaixados para a Série C.
O Tricolor ficou em quarto lugar, atrás de Santa Cruz, Marília e Guarani, respectivamente, tendo somado 34 pontos, com nove vitórias, oito empates e quatro derrotas. Foram 32 gols marcados, 26 sofridos, um saldo de seis.
Na segunda fase, os oito classificados foram divididos em dois grupos de quatro. Os times se enfrentavam em turno e returno, somando pontos, com os dois melhores de cada chave avançando para uma fase final. O Grêmio foi o segundo colocado, com 12 pontos, um a menos que o Santa Cruz, que foi líder. Santo André e Avaí foram eliminados. A equipe de Mano Menezes, nessa etapa, teve quatro vitórias e dois empates, marcou oito gols e sofreu quatro.
Quatro clubes chegaram à fase final: Grêmio, Santa Cruz, Náutico e Portuguesa. Apenas dois deles subiriam para a Série A, e somente um, claro, ficaria com o título. O sistema de disputa foi o mesmo da fase anterior: pontos corridos, em turno e returno, todos enfrentando todos.
Na primeira rodada, no antigo Estádio Olímpico, o Grêmio bateu o Náutico por 1 a 0. No segundo jogo, contra o Santa Cruz, no Arruda, empatou por 1 a 1. Fechando o primeiro turno, empatou com a Portuguesa, também por 1 a 1, no Canindé.
Já na volta, na quarta rodada, outro empate, dessa vez por 2 a 2, com a Lusa, mas no Rio Grande do Sul. Na quinta rodada, uma importante vitória em casa, contra o Santa Cruz, por 2 a 0.
Todos os times chegaram à última rodada com chance de classificação para a Série A. Os confrontos foram entre Náutico e Grêmio, nos Aflitos, e Santa Cruz e Portuguesa, no Arruda, os dois jogos em Pernambuco. O Grêmio liderava o grupo, com nove pontos. O Santa Cruz tinha sete; o Náutico, seis; e a Portuguesa, cinco.
Sobre o duelo entre o Tricolor de Pernambuco e a Lusa, é importante saber que os pernambucanos levaram a melhor, vencendo por 2 a 1, de virada. O Santa Cruz terminou o campeonato, portanto, com 10 pontos.
Com esse resultado, havia algumas possibilidades: se o confronto entre Grêmio e Náutico terminasse empatado, o Grêmio subiria e até ficaria com o título pelo saldo de gols. Se os gaúchos perdessem, ficariam mais um ano fora da elite do futebol nacional. Se ganhassem, seriam campeões e estariam de novo na Série A.
A Batalha dos Aflitos
O jogo, por ser decisivo, valendo vaga na elite, já tinha um clima tenso, como era de se esperar, mas, até os 30 minutos do segundo tempo, parecia que transcorreria normalmente. O primeiro tempo terminou empatado por 0 a 0, com o Náutico perdendo uma cobrança de pênalti: aos 31 da primeira etapa, Domingos fez penalidade em Paulo Matos; o lateral Bruno Carvalho cobrou e acertou a trave, desperdiçando a oportunidade de abrir o placar.
Na segunda etapa, a partida seguia empatada. Aos 30 minutos, porém, o ambiente começou a mudar. O gremista Escalona colocou a mão na bola em lance no lado do campo, recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Aos 34, outra mão na bola, agora de Nunes, dentro da área, e Djalma Beltrami marcou pênalti.
Os jogadores do Grêmio não concordaram com a decisão, em lance polêmico, e partiram para cima do juiz. O lateral Patrício, mais exaltado, deu uma peitada no árbitro e foi expulso direto. Os atletas seguiram com as reclamações e Nunes também recebeu o vermelho. Neste momento, o juiz pediu ajuda para o policiamento. Os policiais entraram em campo e outras pessoas, como dirigentes e reservas, invadiram o gramado, dando início a uma grande confusão.
No meio disso, com os repórteres em campo, o jovem Anderson, que depois se tornaria herói, deu uma entrevista à Globo reclamando muito. "O juiz estraga o jogo. O Campeonato Brasileiro está uma palhaçada, todo mundo sabe disso. Não adianta, sempre roubando contra time do Sul, não dá, está de palhaçada", disse.
A confusão se estendeu bastante, e Domingos também foi expulso, deixando o Grêmio com quatro jogadores a menos. A partida ficou parada por quase meia hora, e retornou somente aos 59 minutos do segundo tempo, já para a cobrança do pênalti. O lateral Ademar bateu para o Náutico e parou na defesa do goleiro Galatto.
No lance seguinte, após a cobrança de escanteio dos pernambucanos, Anderson puxou contra-ataque, recebeu falta de Batata, que já tinha amarelo, e acabou expulso. Nesse momento, o Grêmio ficou com três jogadores a menos em campo. Na cobrança, o próprio Anderson, após jogada rápida, ficou com a bola, avançou, invadiu a área driblando e fez o gol com quase 61 minutos, colocando o Tricolor em vantagem de 1 a 0.
O duelo continuou até os 69 minutos, quando enfim o árbitro apitou o término do jogo. Com a vitória heroica, o Grêmio garantiu o acesso para a Série A e, de quebra, ficou com o título da Série B, o único do time no torneio.
