Aos 37 anos, o consagrado Ralf está no Vila Nova, disputando a Série B do Campeonato Brasileiro. Com uma longa e vitoriosa carreira, é um clássico exemplo de jogador que gosta tanto do que faz que nem pensa em parar: “Claro, eu jogo por amor. E resolvi vir para o Vila para encarar um novo desafio, já que nunca tinha disputado a Série B. O Zé Roberto jogou até os 42. Creio que pra mim, o ideal seria jogar até os 40 ou 41 anos.”
Ralf tem passagens pela Seleção Brasileira. E claro, tem como auge na carreira os tempos em que defendia as cores do Corinthians. Tricampeão Paulista, Bicampeão Brasileiro, Campeão da Libertadores, Mundial e Recopa Sul-Americana. Na época em que ele jogava pelo clube, o Timão era favorito a levar todos os campeonatos nas casas de apostas online. Mais: em duas passagens pelo Corinthians, disputou 420 partidas e não recebeu nenhum cartão vermelho. Um volante de marcação que não foi expulso uma vez sequer em quase sete temporadas!
Em 2022, ele segue o mesmo caminho. Disputou o Campeonato Paranaense pelo Cianorte. Em 13 jogos, não recebeu nenhum cartão. Já no Vila Nova, foi amarelado apenas uma vez até o momento, no difícil confronto contra o Fluminense que resultou na eliminação do time goiano na Copa do Brasil.
Ralf explica que só consegue ser tão disciplinado por causa do trabalho duro para manter o condicionamento físico: “Isso mostra muito como você é um atleta disciplinado, que se cuida e se preocupa em sempre estar bem fisicamente”.
Estar longe de lesões e com fôlego aos 37 anos não é fácil. Mas Ralf diz que idade não passa de um número, e que não liga para o que as pessoas comentam. Problema parecido teve o seu antigo clube, principalmente depois de um início de temporada abaixo do esperado.
Para muitos, os resultados ruins do Corinthians no começo de 2022 tinha uma explicação: muitos jogadores “velhos”, sem condições de jogarem em alto nível durante 90 minutos. Cássio (34 anos), Fagner (32), Gil (34), Fábio Santos (36), Paulinho (33), Renato Augusto (34), Willian (33), Jô (35). “É um elenco mais experiente. Mas são jogadores conhecidos mundialmente, que jogaram em grandes clubes fora do Brasil e defenderam a seleção. E existe sim uma mescla com jogadores mais jovens”.
Ralf tem admiração especial por um desse jogadores. Paulinho, com quem fez dupla no meio-campo nos dois maiores títulos da história do Corinthians: a Libertadores e o Mundial: “Tenho falado diariamente com ele. É um parceiro, um irmão. A dor dele é a minha dor. Ele agora teve uma lesão. Mas tem a cabeça boa, vai saber superar esse momento”. Tem também o Renato Augusto, com quem Ralf ganhou um Campeonato Paulista, uma Recopa Sul-Americana e um Campeonato Brasileiro: “Um cara inteligente, com muita virtude. Com a bola no pé, faz o jogo andar. Hoje um jogador com a qualidade dele, é difícil encontrar no futebol brasileiro”.
Para encerrar, Ralf cita de um exemplo de jogador que consegue atuar em alto nível já com uma idade avançada: “O Cristiano Ronaldo é a prova maior. Ele não é um jogador, mas sim um atleta profissional. Hoje em dia, é mais importante você ser um atleta, que um jogador”. Ralf e Cristiano Ronaldo têm a mesma idade. E aos 37 anos, os dois atletas profissionais seguem correndo como criança.
