Um dos maiores temores dos times brasileiros nos sorteios da Libertadores e da Sul-Americana é encarar, logo na fase de grupos, uma equipe que tenha estádio situado na altitude. Nesta temporada, por exemplo, o Corinthiansveja quanto a equipe gastou com salários no último ano – precisou encarar o Always Ready, da Bolívia, no estádio Hernando Siles, em La Paz, localizado a 3.600 metros acima do nível do mar – saiba quais são os times brasileiros com mais participações em finais de Libertadores

Jogar futebol em altitudes elevadas pode ser prejudicial à performance do atleta, que pode sofrer com problemas para respirar, ter dores de cabeça, náuseas e também ter dificuldade para se adaptar com a velocidade da bola, que ganha muito mais rapidez. Mas, segundo os fisiologistas, a partir de uma determinada altura, não há mais tanta diferença para o corpo a rarefação do ar.

Por que os brasileiros têm dificuldade de jogar na altitude?

Quanto maior a altitude – isto é, em relação ao nível do mar –, menor a pressão parcial de oxigênio. Com maior dificuldade para respirar, claro, o desempenho do atleta cai. É por isso que muitas equipes levam balões de oxigênio, que costumam ser usados pelos jogadores antes e no intervalo dos jogos.

É comum que sintam, além da falta de ar, dor de cabeça, ânsia de vômito e até sangramento nasal, a depender, também, do nível da altitude. Mais do que as dificuldades físicas, há também um fator técnico. O ar rarefeito faz com que a bola encontre menor resistência e, por isso, fique mais veloz. Sem uma adaptação prévia, é normal que os atacantes demorem a encontrar a força 'certa' para finalização. Para os goleiros, o problema é parecido, já que perdem a noção do tempo de bola, fundamental para as defesas.

Veja, a seguir, as mudanças algumas mudanças e dificuldades impostas a partir de um determinado nível de altitude e entenda por que há tanta preocupação e cautela por parte dos clubes.

Acima de 1.500 m

Fica muito difícil definir quais seriam os índices limites para que os chamados “efeitos da altitude” comecem a ser sentidos. Embora quase todas as pessoas se adaptem de maneira similar, existem ligeiras variações.

Nesta altitude o atleta pode não sentir efeitos clínicos, mas já tem uma sensível queda no rendimento aeróbio. O atleta sente dificuldade para respirar, decorrente da pressão barométrica mais baixa e o oxigênio fornecido ao músculo é reduzido. O resultado disso é um maior consumo de carboidratos e de fontes de energia, “cansando” mais rapidamente o profissional.

Acima de 2.400 m

Além das sensações de queda de rendimento físico, acima destas altitudes começam a ficar mais perceptíveis os problemas físicos. É onde começam os índices de aparecimento do “mal agudo das montanhas”. Este mal é considerado como o mais comum entre os problemas causados por altas altitudes. Pode aparecer dentro de um período de 12 até 48 horas de exposição à altitude.

Os sintomas desta doença são a sensação de fadiga, a cefaléia (dor de cabeça), perda de apetite, náuseas, enjoo e a respiração ofegante. Estes sintomas desaparecem dentro de alguns dias na maioria das pessoas.

Acima de 2.700 m

Começa a fase crítica. Todos os problemas já citados são agravados acima desta altitude. O “mal agudo das montanhas”, por exemplo, pode evoluir para condições muito mais graves e que são a maior preocupação dos médicos nos casos de prática de exercícios de alta intensidade.

Uma das doenças mais graves é o edema pulmonar de altitude. Esta doença se desenvolve dentro de um a quatro dias de exposição. Ocorre uma passagem de líquido do sangue para os alvéolos (pulmões). A dificuldade para respirar é intensa e, além disso, a pessoa apresenta um quadro de tosse intensa acompanhada de secreção de escarro com sangue. Esta doença, durante muitos anos, foi diagnosticada erradamente como pneumonia, devido à semelhança de sintomas. Sua evolução é rápida e ela pode causar a morte do paciente.

O maior temor dos médicos, porém, é o edema cerebral da altitude elevada, que é causado pelo acúmulo de líquido no cérebro. Esta doença também se desenvolve dentro de um a quatro dias, podendo ser precedida do “mal agudo das montanhas” e do edema pulmonar de altitude.

Um sinal de alarme precoce é a ataxia (dificuldades para caminhar). A perda de coordenação motora também é um sintoma comum. A dor de cabeça intensa e até alucinações também podem ocorrer. Em poucas horas a doença pode evoluir para um quadro fatal. Quanto maior for a altitude, maior é o risco.

Quando constatada a ocorrência destas doenças, o procedimento mais adequado é retirar o paciente da altitude elevada imediatamente. Ainda que o atleta não apresente sequelas graves após um jogo em grandes altitudes, como nas cidades de La Paz ou Quito, é possível que ele tenha sido acometido parcialmente pela doença.

Oportunidades para quem está acostumado com a altitude

Apesar de todas as dificuldades físicas que jogadores não habituados com a altitude têm que lidar, há algumas oportunidades para quem já está acostumado.

A principal delas, que também é uma ameaça ao time visitante, é a menor resistência do ar – veja os times que tiveram 100% de aproveitamento na primeira fase da Libertadores . Com uma pressão muito menor do que no nível do mar, a bola consegue ganhar mais velocidade e, principalmente, manter esta alta velocidade por mais tempo, tornando perigosos os chutes que, se fossem tentados em altitudes baixas, não ofereciam perigo ao goleiro.

Fisicamente, a oportunidade é de ganhar um maior preparo. Assim como os maratonistas do Quênia e Etiópia, que treinam em grandes altitudes e levam vantagem em corridas de longa distância em praticamente qualquer lugar do mundo, jogadores de futebol podem se utilizar disso para ganharem um melhor preparo físico, aguentando os 90 minutos de uma partida de forma mais consistente do que o adversário, algo que pode ser a diferença entre vencer e perder quando chegar a reta final do jogo.

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