De BBB a American Idol, o sucesso dos reality shows é garantido… e agora sabemos por que!
Quanto tempo você já gastou assistindo reality show? Vale desde programas de competição, como BBB 22, até os de transformação, como Irmãos à Obra. Independente se você se diz fã do gênero ou não, é provável que pelo menos algum reality show você já tenha assistido e, mais importante ainda, gostado. Vamos ser sinceros: com a variedade de estilos de shows que imitam a realidade é praticamente impossível não ter um ponto fraco por algum deles. Mas a questão é: por que temos esse fascínio por assistir reality shows?
Antes de respondê-la, no entanto, vale definir o que exatamente são os reality shows.
O que são os reality shows e como começaram?
Os reality shows são programas que têm como principal proposta retratar a vida real ou pelo menos se basear nela. Eles podem acompanhar o dia a dia de pessoas ou negócios, ter um contexto de competição, entre outros. A verdade é que o gênero é tão popular ao redor do mundo que é quase impossível listar todos os tipos que existem. De qualquer forma, o que todos têm em comum são pessoas comuns e agindo sem um roteiro definido – trazendo, assim, a sensação de fazer parte da realidade. Nesse sentido, aqui se encaixam programas como Big Brother, MasterChef, Keeping Up with The Kardashians, Survivor, Idol, e mais.
A moda começou por volta de 1984, quando o programa Candid Camera explodiu nos EUA. Por meio de câmeras escondidas, ele registrava como pessoas reagiam a situações inusitadas ou engraçadas. Não levou muito tempo para os primeiros realities de sucesso, como Big Brother, Survivor e Idol surgirem na televisão e começarem a tomar conta do entretenimento.
Com mais de 30 anos marcando presença, os reality shows mudaram a televisão para sempre. Mas a questão que fica é: por que?
Por que gostamos tanto de reality shows?
Há quem responda sem rodeios: somos voyeurs, ou seja, pessoas que sentem prazer em observar outras. Pode até ser, mas a verdade é mais complexa do que isso. Para descobrir os verdadeiros motivos por trás do fenômeno, os pesquisadores Michal Hershman Shitrit e Jonathan Cohen, da Universidade de Haifa, em Israel, fizeram um estudo e chegaram a um veredito.
A dupla entrevistou 183 participantes sobre 12 reality shows diferentes, incluindo versões regionais de produções mundialmente famosas, como Big Brother, American Idol, So You Think You Can Dance, MasterChef e Super Nanny. Os participantes tiveram que responder a várias perguntas, como a frequência com que assistiam a cada um, o quanto gostavam, se gostariam de participar, se gostariam que alguém da família participasse, entre outras.
Nelas, o objetivo era medir qual seria o raciocínio dos participantes se eles estivessem em uma curta distância da realidade do reality. Shitrit e Cohen tinham a hipótese de que se esses programas fizessem sucesso pela humilhação de quem é filmado, os participantes da pesquisa demonstrariam uma reação negativa a querer participar ou a que seus parentes participassem. No entanto, se a reação fosse positiva, as chances de que os reality shows gerassem empatia seria maior.
Também foram feitas perguntas de auto-revelação, ou seja, se os participantes revelariam a um estranho fatos como hábitos pessoais, coisas que fazem e se sentem culpados, etc.. A ideia com elas era entender se a auto-revelação seria um fator positivo que contaria para aumentar a vontade de participar do programa.
Os resultados não deixaram muitas dúvidas. No geral, não havia exatamente um grande interesse em participar, mas os que afirmavam gostar desse tipo de programa tinham uma tendência a querer participar ou que um parente participasse. Da mesma forma, quem pontuou acima da média na auto-revelação tinha mais probabilidade de participar de um reality.
O dado mais interessante é que o desejo de um membro da família participar do programa foi maior que a autoparticipação. A partir desses dados, os pesquisadores chegaram à conclusão que não é a humilhação que nos motiva a assistir aos realities, mas a empatia. Em outras palavras, a identificação com quem está na frente das câmeras passando pelas situações retratadas é maior do que a vontade de vê-la se dar mal. Aliás, já parou para pensar como estão as apostas para o BBB? !
Vale lembrar que esse foi um primeiro estudo sobre o assunto e não é possível afirmar com toda a certeza de que é somente a empatia que nos move a assistir a esses programas – até porque cada um tem uma proposta muito diferente entre si. Afinal, pode ser que em um programa de competição como o BBB suas apostas estejam todas em um participante, sendo que os outros você gostaria que se dessem mal e perdessem o jogo. Vamos concordar que torcer contra outras pessoas não é necessariamente empatia, não? Nesse sentido, os sentimentos humanos são complexos demais para terem apenas uma classificação, podendo ser uma grande mistura de tudo – que pode inclusive ter um fundinho voyeur e, por que não, um prazer secreto em ver o outro se humilhar.