Quantos são os argentinos que não apenas se radicaram no Brasil, mas optaram por defendê-lo no esporte? Nós sinceramente não lembramos de ninguém, pelo menos não no nível de impacto e excelência esportiva que teve Fernando Ariel Meligeni.

Nascido em Buenos Aires, Fininho, como é carinhosamente chamado por seus fãs e amigos, mudou-se com sua família para São Paulo quando tinha 4 anos. Aos 19 anos e fazendo muito barulho em categorias infanto-juvenis do tênis, Meligeni se profissionalizou em 1990 e chegou em um momento importante não apenas para sua carreira, mas para sua vida: escolher sua nacionalidade.

Filho de pais argentinos, Meligeni estava no Brasil há 15 anos e decidiu seguir com a nacionalidade brasileira em sua carreira e vida. Começava ali, uma história de sucesso, superação e amor.

Ainda na categoria juvenil, Meligeni já dava sinais de que seria uma força no tênis. Ele venceu o Orange Bowl International International Tennis Championships em 1989, alcançando a 3ª posição no ranking mundial juvenil do mesmo ano.

Sua transição para o profissional começou a dar resultados logo em 1991, quando conseguiu sua primeira vitória em um torneio da ATP ao bater Cássio Motta no Guarujá. Em 1993, o mundo começava a ver um menino canhoto e franzino, mas que mostrava uma garra que poucos tenistas tinham.

Em 1993, Meligeni fez bonito no Aberto da França, sendo eliminado nas oitavas de final pelo eventual campeão Sergi Bruguera, mas não sem dar muito trabalho ao espanhol.

Sua primeira grande final viria em 1995, no Aberto do México. Após atropelar o fortíssimo Alex Corteja por 2 sets a 0 com parciais de 6/0 e 6/1 na semifinal, Fininho chegou encarou o austríaco Thomas Muster, que era considerado o melhor tenista no saibro na época.

A essa altura, era óbvio que o primeiro título de Meligeni estava próximo e, em julho de 1995, ele finalmente veio. No Aberto da Suécia em Bastad, Meligeni passou por diversos tenistas tidos como superiores e venceu, na final, o cabeça de chave norueguês Christian Ruud, número 62 do ranking na época.

O título abriu as portas para um ano de glórias em 1996. Em maio daquele ano, Fininho chegou à final do torneio em Pinehurst, na Carolina do Norte e venceu o sueco Mats Wilander por dois sets a zero, com parciais de 6/4 e 6/2.

E então, vieram os jogos olímpicos de Atlanta. Ele foi um dos 64 competidores que entraram diretamente no torneio de tênis da Olimpíada em 1996. Algumas desistências abriram espaço, mas problemas burocráticos fizeram Meligeni ter de arcar com todos os custos de sua viagem aos Estados Unidos.

E, o que começou meio que “por acaso”, começou a se tornar uma história de superação linda de se ver. Ele venceu 4 tenistas melhor-ranqueados para chegar às semifinais, quando foi derrotado justamente pelo espanhol Sergi Brugera, algoz de Meligeni em Roland Garros 3 anos antes. Na disputa pelo bronze, ele acabou derrotado pelo indiano Leander Paes, mas seu nome já estava na boca dos brasileiros, apaixonados por um tenista que escolheu o Brasil e tinha uma vontade de vencer que faz qualquer torcedor se render e torcer junto.

Em 1997, um ano prodigioso nas duplas, onde alcançou seu melhor ranqueamento de duplas (34° posição em 3 de novembro). Foi campeão do ATP Tour de Estoril (Portugal), do ATP Tour de Bolonha (Itália), do ATP Tour de Stuttgart (Alemanha), do ATP Tour de Bogotá (Colômbia), e do Challenger de Salinas (Equador). Nos torneios de simples, foi finalista do Challenger de Prostejov (República Tcheca), e semifinalista do ATP Tour da Cidade do México. Um outro momento de brilho do ano foi quando derrotou, em Atlanta, o então vice-líder do circuito Michael Chang, batendo-o de virada por 2/6, 6/3 e 6/4.

Em 1998, conquistou o título do challenger de São Paulo. Na Republica Tcheca, no torneio de Praga, ganhou seu último título da ATP, vencendo na final o então número seis do mundo Yevgeny Kafelnikov. Nas duplas, venceu o ATP Tour de Gastad novamente.

Em 1999, Meligeni teve sua melhor performance. "Estou acostumado com o fato de as pessoas não acreditarem no meu jogo. Agora, sei que posso ir longe", afirmou em entrevista coletiva no início da temporada. Após bater Sampras no saibro de Roma, chegou a semifinal de Roland Garros, o que lhe fez alcançar a 25ª na posição do ranking mundial. Para isso, ele teve de vencer os cabeças de chave número três Patrick Rafter, número 14 Felix Mantilla, e número seis Alex Corretja, mas perdeu nas semifinais para o ucraniano Andrei Medvedev, que havia vencido Gustavo Kuerten na rodada anterior.

“Roland Garros 99 foi diferente. Eu realmente achava que dava, porque eu tinha ganhado de gente muito boa. E na hora que veio o Medvedev, falei: "ah, vou ganhar também". E o jogo foi encardido, mas escapou no tie-break. Aquele jogo me machucou. Eu sinceramente não sei o que ia acontecer contra Agassi, se eu passasse para a final. A verdade é que quando você vai para um Grand Slam, você se arma para a guerra. Em 1999, eu joguei o melhor tênis da minha vida”.

Meligeni terminou o ano de 1999 como o 4o jogador que mais venceu partidas no saibro no ano.

Alguns anos depois, Fininho se preparava para se despedir das quadras, mas não antes de ter um verdadeiro canto do cisne. Seu melhor momento ficou guardado para o final. Meligeni se aposentou do tênis profissional em 2003, vencendo sua última partida - a final do torneio de tênis dos jogos Pan-Americanos de Santo Domingo em 2003 - contra o chileno Marcelo Rios em três sets, onde conseguiu reverter uma grande desvantagem de pontos no tie-break.

Por conta de seu desempenho em Santo Domingo, foi agraciado com a Medalha Tiradentes, por seu "espírito olímpico, união e garra que desempenhou nos jogos de São Domingo, representando o país com brilho".

Meligeni aposentou-se como sendo um dos cinco jogadores em atividade a fechar dez temporadas seguidas entre os top 100.

Parabéns por seus 49 anos completos esta semana, Fininho!

 

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