Jorge Sampaoli chegou ao Atlético Mineiro no começo do ano com a missão de acabar com amargo jejum de 49 anos sem vencer o Brasileirão
A boa passagem de Jorge Sampaoli pelo Santos, na temporada passada, fez o treinador ser motivo de cobiça entre os clubes brasileiros para 2020. Depois de não chegar a um acordo com o Palmeiras, o argentino de 60 anos foi convencido pelo Atlético Mineiro a participar de um projeto desafiador: o de fazer o clube vencer o Campeonato Brasileiro de novo.
A última e única vez foi em 1971, e os mineiros amargam o maior jejum entre os grandes do futebol nacional.
Para cativar o treinador, que geralmente é muito exigente por onde passa, o Galo investiu. Trouxe Alexandre Mattos para ocupar o cargo de diretor de futebol e tem contratado bastante para melhorar o elenco – assim como fez no Peixe, Sampaoli diz publicamente que precisa de mais jogadores e pressiona a diretoria para realizar seus desejos.
Desde que chegou ao time mineiro, o argentino já recebeu bons reforços solicitados ao presidente Sérgio Sette Câmara: os zagueiros Junior Alonso e Bueno, o lateral Mariano, os meio-campistas Alan Franco e Léo Sena e os atacantes Keno, Marrony e Sasha.
Ainda assim, ele quer mais. Nos últimos dias, depois de perder o meio-campista Nathan por lesão, surgiu a especulação envolvendo Gustavo Scarpa, meia que ainda não conseguiu se firmar no Palmeiras e frequentemente é sondado por clubes do exterior.
Insatisfeito ou não, Sampaoli já implementou bastante coisa desde que chegou: foram 12 jogos até o momento – a equipe enfrenta nesta quinta-feira o São Paulo, pela sétima rodada do Brasileirão –, nove vitórias e o título do Campeonato Mineiro.
Por falar na conquista do Estadual, o troféu levantado depois de duas vitórias em cima do Tombense na decisão representa bastante para o treinador, que pode ter mais paz para trabalhar depois de acabar com um incômodo jejum pessoal. Antes do Galo, Jorge Sampaoli não era campeão desde 2015, quando venceu a Copa América com o Chile.
“Esperamos este que seja o pontapé inicial para que esta instituição lembre todo o tempo que tem que ganhar coisas. É responsabilidade dos jogadores, do corpo técnico, dos dirigentes, do presidente, fazer cargo dessa grande instituição. É esse caminho que temos que ir. É um grande começo no ciclo”, afirmou o técnico após levantar a taça.
Eliminado precocemente da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil antes da chegada do argentino, o Galo só terá o Brasileirão pela frente. Pode ser bom para Sampaoli deixar a equipe ainda mais com o estilo que gosta.
“Amor pelo balón”: filosofia de Jorge Sampaoli
No ano passado, no Santos, ficou famosa a frase “amor pelo balón” – amor pela bola. É isso que Sampaoli tenta implementar nos times que trabalha. Foi assim no Chile mais vitorioso da história, no Peixe e tem sido desta maneira no Galo.
A exceção do jogo contra o Flamengo, na estreia do Brasileirão, em que o Rubro-negro teve maior posse de bola (62% contra 38%), nos duelos em que enfrentou Corinthians (55% de posse ao Galo), Ceará (60%), Botafogo (74%) e Internacional (67%) o Galo controlou e, com a bola, pressionou e criou jogadas. Sem ela, como faz parte do processo, ficou exposto e perdeu para Botafogo e Inter. É uma característica do estilo adotado por Sampaoli: o amor ao balón tem um preço, custa caro, e um desafio para o técnico é equilibrar seus times.
O que tem de diferente no Atlético Mineiro de Jorge Sampaoli?
Modificado e melhorado com as contratações para a temporada, o Atlético-MG se tornou, na mão do argentino, um dos poucos do Brasil que busca o ataque para valer. Para isso, Sampaoli “empurra” o time para o campo ofensivo e vai aos poucos impondo o que se viu no Santos em 2019: muita intensidade, com e sem a bola, assim como ele próprio é à beira do campo, sempre muito agitado.
Keno, talvez o principal reforço, é também um dos destaques neste início: rápido e driblador, o atacante é agudo e simboliza algumas das ideias do comandante. Ele tem feito dobradinha forte pelo lado esquerdo com o lateral Guilherme Arana e geralmente inicia o perde (a bola) e pressiona (o adversário) típico de Sampaoli.
Essa é uma das marcas do ataque mineiro. Composto apenas por jogadores leves, o setor ofensivo tem participação fundamental na marcação, abafando a zaga rival. Marrony, utilizado como centroavante e não nas pontas, também chama a atenção justamente por ser uma invenção com toque do argentino. Contratado mais recentemente, Sasha também é bastante móvel e tem sido escalado como 9.
No meio de campo, Nathan se destacou até sofrer uma lesão contra o Corinthians, nas primeiras rodadas do Brasileirão. Em seu lugar, Jair tem jogado e agradado: assim como o companheiro, o jogador tem distribuído bem o jogo e aparece com força no ataque – fez o gol do título mineiro, por exemplo.
Sampaoli já usou quatro formações no Brasileirão
O Atlético Mineiro de Sampaoli ocupa bastante o campo ofensivo, fica com a bola e pressiona quando a perde. Mas joga em que esquema tático? Assim como adapta a equipe conforme o adversário – um levantamento do “O Tempo” no começo de agosto apontou que 70% do elenco já foi utilizado –, Sampaoli não hesita em mexer na formação para dificultar a vida dos rivais.
Apenas no Campeonato Brasileiro, em cinco partidas até o momento, foram quatro formações diferentes: 4-2-3-1; 3-4-3; 4-3-3 e 3-5-2. O último formato, o mais inusitado e incomum no futebol brasileiro, foi a escalação para o duelo contra o Flamengo.
Naquele confronto, Nathan, Alan Franco e Allan foram escalados ao lado de Arana e Guga (lateral direito) para travar o poderoso time carioca. Deu certo: o Galo saiu do Maracanã com vitória por 1 a 0, em gol marcado depois de uma pressão no meio e saída rápida em contra-ataque.
Entre as adaptações e mudanças praticamente a cada jogo, o Galo tenta se acertar e encontrar o caminho das vitórias para vencer o Brasileirão novamente. Terá, ao menos, foco suficiente para se concentrar na competição em meio à maratona de jogos até o fim da temporada.
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