Última conquista dos paulistas teve Morumbi lotado e um troféu, o da Sul-Americana, até então inédito na história do clube. Relembre
O São Paulo tenta na temporada 2020, sob o comando de Fernando Diniz e Daniel Alves, acabar com um jejum de títulos: o último foi em 2012, há mais de oito anos, quando o clube venceu pela primeira vez a Copa Sul-Americana. Na decisão, venceu o Tigre, modesto time da Argentina, por 2 a 0, com um Morumbi lotado.
Mas a festa com 67 mil pessoas no estádio paulista não foi a história mais marcante daquele 12 de dezembro de 2012. Nem mesmo os gols anotados pelo Tricolor e a taça erguida em seguida, com a despedida de Lucas Moura. A decisão do torneio sul-americano ficou lembrada por uma confusão que mexeu com os gringos, que decidiram não voltar para o segundo tempo.
O episódio é polêmico, tem diversas versões, mas fato é que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), na imagem de seu presidente à época, Nicolas Leoz, reconheceu o clube brasileiro como campeão legítimo. O líder da entidade, inclusive, foi o responsável por entregar as medalhas e dar o troféu para Rogério Ceni, o capitão são-paulino.
A cena nesta parte da cerimônia ficou registrada por um gesto bonito. Ceni abriu mão de levantar aquela taça pela primeira vez e deu a oportunidade para Lucas Moura, craque da base de Cotia que se despedia do Morumbi para se apresentar ao Paris Saint-Germain. Ele foi em janeiro de 2013 para a França, depois de uma negociação milionária: R$ 108 milhões.
Tudo estava correndo dentro do normal dos arredores do Morumbi: mais um título, inédito, craque revelado e vendido a preço de ouro, clube em alta no cenário brasileiro. Mas há quem diga que aquela noite é a responsável pelo jejum que o time vive até os dias de hoje. A gente explica a relação dos dois fatos e toda a confusão que houve em 2012…
SPFC x Tigre: confusão, brigas e “W.O” no 2º tempo
Para começo de conversa, é preciso destacar que o clima não era bom desde o jogo da ida, realizado na Bombonera e finalizado em 0 a 0. O atacante Luis Fabiano, do Tricolor, se envolveu em briga com o zagueiro Donatti, do Tigre, e ambos foram expulsos após a troca de agressões.
Desta forma, o ambiente era de tensão antes mesmo de a bola rolar no Morumbi. Quando o árbitro deu o apito inicial, show são-paulino e de Lucas, mais precisamente. O time tomou a iniciativa, empurrado pela arquibancada lotada, e conseguiu furar o bloqueio e a retranca argentina pelo jogador de beirada.
Apareceu Lucas Moura, um dos principais personagens da partida. O jogador aproveitou um chute bloqueado, fintou o defensor e bateu de esquerda para abrir o placar. Pouco depois, o atacante deu bela assistência para Osvaldo, que invadiu a área pelo lado direito e bateu por cima do goleiro: 2 a 0 e indicativo de que o título ficaria em São Paulo, era só questão de tempo.
Acuados em campo, os argentinos começaram a entrar mais forte e atingir até de forma maldosa o rival. Orban acertou uma cotovelada em Lucas, que caiu com um sangramento no nariz. O árbitro nem falta deu, e o brasileiro deixou o gramado para receber atendimento.
Quando voltou, nova entrada dura, desta vez de Enrique Osses, que recebeu o amarelo. Foram os lances cruciais para que o clima fechasse. Na saída do intervalo, Lucas ofereceu o algodão sangrando ao lateral Orban, que o havia acertado, e começou a confusão generalizada em campo.
Só que o atrito foi tanto que seguiu para os vestiários. O elenco do Tigre por pouco não invadiu o vestiário mandante e a Polícia Militar precisou intervir. À época, a ESPN argentina noticiou que houve um confronto entre argentinos e policiais. Outros relatos dão conta de que os seguranças do São Paulo também entraram em conflito com os gringos.
Segundo o técnico Nestor Gorosito, os jogadores foram ameaçados com armas de fogo e se recusaram a voltar para o segundo tempo, alegando não ter mais clima para jogar futebol.
O trio de arbitragem, bem como a equipe são-paulina, aguardou por cerca de 30 minutos, porém os argentinos não subiram ao campo. Assim sendo, coube à direção da Conmebol intervir, aplicar um W.O simbólico e oficializar o Tricolor campeão com apenas um tempo disputado.
“Não queria que terminasse da maneira que terminou. Estou triste por acabar assim, sendo ameaçado com um cassetete e um revólver”, afirmou, à época, o volante do Tigre Galmarini.
“Aquele intervalo foi complicado e até manchou um pouco nosso título. Quando o Lucas saiu do primeiro tempo e mostrou o algodão com sangue, começou uma briga imensa. Esta confusão continuou com os policiais e seguranças do São Paulo, pois os jogadores do time argentino queriam invadir nosso vestiário por dentro. Eles arrancaram uns paus, que estavam no armário do vestiário visitante, e usaram como arma”, disse o técnico dos paulistas em 2012, Ney Franco, em entrevista recente ao “SPFC Eternamente”.
A decisão da Sul-Americana de 2012, então, teve campeão, mas ficou marcada por não ter um fim. Um Brasil x Argentina clássico. Por este motivo, aliás, muitos torcedores são-paulinos atribuem a má fase e o jejum atual ao 12 de dezembro de 2012. Nas brincadeiras em rodas de amigos e redes sociais, há quem diga que o clube precise jogar os 45 minutos que faltaram para a ‘zica’ encerrar; ou então que há um ‘sapo enterrado’ no estádio depois do episódio.
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