Documentário estrelado por Michael Jordan levanta questões sobre a modalidade e seus heróis
O documentário “The Last Dance”, ou “Arremesso final”, estrelado por Michael Jordan, deixou enfurecidos ex-companheiros como Scottie Pippen. Fez adversários como Karl Malone e Horace Grant se indignarem. Obrigou jornalistas que cobriam o Chicago Bulls na época, como Sam Smith (autor do livro “As regras de Jordan”), desmentirem diversas declarações do astro. Mas não estamos interessados nas polêmicas que a série de dez capítulos provocou.
A verdade é que a história incrível de Michael Jordan e do sucesso do Chicago Bulls levantou questionamentos. E muitos. Pode um único jogador ser tão decisivo em um esporte coletivo? As provocações entre rivais dentro da quadra são tão intensas e importantes no resultado?
Perguntas interessantes, respostas esclarecedoras. Guerrinha, hoje técnico do Mogi Basquete, fez parte da histórica conquista do Pan-americano de 1987. Vitória do Brasil sobre os Estados Unidos na final, em Indianápolis. Ele diz que as provocações e os conflitos individuais dentro de quadra são bem mais comuns na NBA do que no Brasil. O “sangue latino” faz com que uma enterrada mais forte, um sorriso irônico ou um drible desconcertante vire briga. Mas, naquela final do Pan, jogadores como Oscar e Marcel, mais experientes, usaram sim dessa artimanha para desestabilizar os jogadores americanos.
E o individualismo que Jordan deixa claro no documentário? Para Leandrinho, campeão da NBA com o Golden State Warriors, isso existe e é normal. Cita os exemplos de Stephen Curry e Klay Thompson, líderes da vencedora equipe de Golden State: “eles abusam das jogadas individuais, mas o time inteiro joga e corre para que eles possam fazer isso”.
Líder, craque, polêmico. E mesmo aos 57 anos, mais de duas décadas depois de se aposentar, Michael Jordan ainda tem o poder de abalar as estruturas do basquete.