Vencer o Campeonato Carioca é um motivo de alegria para o técnico campeão. Afinal, nos últimos anos os estaduais brasileiros servem mais para pressionar os comandantes derrotados do que para prestigiar o time vencedor.

No caso atual do Flamengo, que vive a era mais vitoriosa de sua história depois do esquadrão guiado por Zico, na década de 1980, o Estadual virou obrigação -- pesa neste caso as quedas técnicas de Botafogo e Vasco. Se não vencer, não tem jeito: o treinador rubro-negro vai balançar no cargo.

Foi com essa soberania no Estado, então, que o clube conquistou a edição de 2020 do torneio sob o comando de Jorge Jesus. O técnico, que venceu quase tudo (faltou o Mundial de Clubes e a Copa do Brasil) na Gávea, se tornou o primeiro português a levantar o troféu do Carioca.

A conquista de Jesus até acabou com um longo jejum: foram 54 anos entre a sua campanha vitoriosa e o último troféu de um treinador estrangeiro. Antes de JJ, Alfredo González, em 1966, com o Bangu, havia conseguido o feito.

Em toda a história desde a sua fundação, em 1906, o Campeonato Carioca registrou 27 títulos de treinadores estrangeiros. O número representa 22% do total, já que o torneio registra 122 edições completas (até 2020), e prova que o Estadual do Rio não é ‘feito’ para gringos.

Abaixo, veja os técnicos estrangeiros que foram campeões do Carioca e algumas histórias por trás desses títulos.

media Fonte: Eurasia Sport Images / Getty Images Sport via Getty Images

27 títulos, 12 técnicos estrangeiros

A lista de técnicos estrangeiros que venceram o Campeonato Carioca é restrita. Apenas 12 tiveram a oportunidade ao longo de 115 anos do campeonato mais tradicional do Rio de Janeiro.

O pioneiro foi Charlie Williams. O inglês foi campeão pela primeira vez com o Fluminense, em 1911. Ele voltaria a vencer o torneio em outras duas edições, uma com o Tricolor das Laranjeiras (1924), outra com o América-RJ (1928).

O sucesso de Williams no começo do século XX, inclusive, representou parte do movimento que atingiu o futebol brasileiro, principalmente o carioca, à época: o de contratar técnicos estrangeiros.

Se a moda existe atualmente, justamente pelo que conseguiu conquistar Jorge Jesus, o Rio de Janeiro já viveu uma tendência semelhante no século passado.

Foi desta forma que os uruguaios conseguiram vencer 11 vezes o Carioca. Entre os sul-americanos, os paraguaios vêm em segundo, com três troféus, enquanto a Argentina soma duas taças do Estadual.

Entre os europeus, Jorge Jesus registrou a primeira conquista de um português. Os ingleses dominam a estatística, com 8 títulos. Já a Hungria aparece com dois.

Charlie Williams (Inglaterra)

Ex-goleiro, Charlie Williams surgiu para o mundo do futebol nos Jogos Olímpicos de 1908, comandando a Dinamarca. O inglês foi convidado para ser o primeiro treinador do Fluminense, em 1911, e já chegou conquistando o Carioca. Ele também participou do primeiro Fla-Flu da história, no ano seguinte.

Pouco depois, ele retornou ao seu país de origem e se afastou do Brasil. Quando voltou ao Rio, levou mais uma taça com o Flu (1924) e outra com o América (1928).

Quincey Taylor (Inglaterra)

Na esteira de sucesso da relação Fluminense e técnicos ingleses, Quincey Taylor também marcou seu nome na história do clube. Ele conquistou os dois primeiros títulos do tri de 1917, 1918 e 1919 e ganhou notoriedade ao trazer o atacante inglês Welfare ao Tricolor. O goleador gringo viraria ídolo nas Laranjeiras.

Ramón Platero (Uruguai)

Uma das histórias mais curiosas envolvendo técnicos estrangeiros no Rio de Janeiro passa por Ramón Platero. O uruguaio foi o primeiro treinador da história do Fla, em 1921, e ficou conhecido por comandar o rival Vasco ao mesmo tempo. Isso só foi permitido porque o Cruz-maltino, recém-criado, disputava a Segunda Divisão. Os títulos do Carioca vieram em 1923 e 1924, com o próprio Vasco, e em 1919, com o Flu. Ele nunca venceu no comando do Rubro-negro.

Juan Carlos Bertone (Uruguai)

O primeiro título do Flamengo com técnico estrangeiro foi conquistado em 1925. O ex-capitão da seleção uruguaia Juan Carlos Bertone veio ao Brasil para jogar no extinto Americano de São Paulo, em 1910. Depois de finalizar a carreira, ele assumiu o Botafogo e pouco depois foi parar na Gávea. Com o Fla, venceu os títulos estaduais de 1925 e 1927.

Nicolas Ladanyi (Hungria)

Há um húngaro na lista de técnicos campeões do Campeonato Carioca, algo incomum de se imaginar nos tempos atuais. Se o país do leste europeu não tem nenhuma tradição no futebol mundial nos dias de hoje, no início do século XX a situação era diferente. E Nicolas Ladanyi veio ao Brasil e brilhou.

O gringo, ex-militar, chegou ao Rio de Janeiro depois de passar um período estudando nos Estados Unidos. Aqui, revolucionou o futebol do Botafogo e ganhou prestígio no clube. Acabou vencedor das edições de 1930 e 1932 do Carioca. Ele também comandou o América, mas não conseguiu troféus como fez no Alvinegro.

Alfredo González (Argentina)

Antes de Jorge Jesus brilhar no banco de reservas do Flamengo, o Campeonato Carioca viveu um jejum de técnicos estrangeiros. Foram 54 anos entre a conquista do português e a de Alfredo González, em 1966. O argentino, que veio jogar no Brasil no final da década de 1930, tornou-se técnico em 1950, quando o futebol já era mais profissional.

Como treinador, rodou por Náutico, Santa Cruz e Inter antes de vencer o Carioca com o Bangu, em 1966. É o último título do campeonato que não foi parar em um dos quatro grandes do estado (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco). González ainda foi vice-campeão da Libertadores de 1968 com o Palmeiras.

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