A parada dos campeonatos pelo mundo obviamente é péssima, mas em alguns casos, ela pode ser pelo menos um respiro para àqueles em situação mais complicada. Nós até falamos que esta parada poderia ter algum benefício para o Corinthians e o Cruzeiro, entre outras equipes do mundo, mas talvez nenhuma equipe precisasse mais de uma parada do que a Chapecoense.

O time catarinense foi adotado pelo torcedor brasileiro em 2016, por conta da tragédia que vitimou praticamente toda a equipe alviverde em viagem à Colômbia. Depois deste triste episódio, o time passou a ser adorado por torcedores de todos os clubes do país e até de alguns internacionais.

Na época, clubes brasileiros se prontificaram a auxiliar a Chape com jogadores emprestados a custos menores e buscaram impedir que o clube pudesse sofrer rebaixamentos pelos próximos anos.

Naquele ano, a Chape foi considerada campeã da Copa Sul-Americana por aclamação, inclusive por torcedores adversários do Atlético Nacional de Medellín, igualmente comovidos por toda a situação.

No entanto, pouco mais de 3 anos se passaram desde a tragédia que ceifou a vida de atletas, tripulantes, jornalistas, dirigentes e profissionais do corpo técnico, e a situação do clube é totalmente diferente.

Nos anos que se seguiram, o clube foi tratado como um gigante. Publicações de torcedores de outros clubes brincavam que “time grande não cai” e incluíam o escudo da Chape junto aos de São Paulo, Flamengo e Santos, além do Cruzeiro, que não havia caído até o ano passado. Afinal, a ascensão da Chape teve momentos de estagnação na mesma divisão ou acessos às categorias superiores, mas não tinha rebaixamentos. Até o ano passado.

No fim de 2019, o clube da Arena Conda descobriu a sensação do rebaixamento. Justo quando as feridas da tragédia de 2016 pareciam se fechar, o clube sofreu outro baque e foi rebaixado à série B do Brasileirão.

O ano foi marcado por momentos confusos na gestão e no campo, com jogadores que não corresponderam às expectativas, mas o rebaixamento não aconteceu de um ano para o outro. Foi uma construção que levou 3 temporadas.

Em 2017, o time começou muito bem o ano, conquistando o título estadual. Na Libertadores, no entanto, o time foi eliminado na primeira fase, em grupo que tinha Lanús e Nacional de Montevideo, ambos classificados, além do Venezuelano Zulia, eliminado na última posição. A terceira posição na Libertadores ainda levou a Chape à Copa Sul-Americana, da qual era a atual campeã, mas o time não foi longe. Até conseguiu passar pelos argentinos do Defensa y Justicia, mas caiu para o Flamengo na rodada seguinte. A Copa do Brasil também viu a Chape ser eliminada precocemente, logo no primeiro confronto contra o Cruzeiro. No Brasileirão, a oitava posição conquistada nos critérios de desempate sobre o Atlético Mineiro foi suficiente para que o clube voltasse à Libertadores.

Só que em 2018, a coisa já começou mal. No Estadual catarinense, um vice-campeonato ao serem derrotados pelo Figueirense na final, mesmo após terem a melhor campanha na primeira fase. Mas foi na Libertadores que a coisa desandou. O time não passou da pré-Libertadores, sendo eliminado pelo Nacional de Montevideo, que já havia ajudado a eliminar a Chape no ano anterior. A Copa do Brasil pareceu promissora quando o time venceu o Atlético Mineiro nas oitavas, mas também não foi bem sucedida, com o clube sendo eliminado pelo Corinthians na rodada seguinte. Já no Nacional, o clube ficou apenas na 14ª posição, garantindo a última vaga na Copa Sul-Americana novamente nos critérios de desempate, desta vez sobre o Ceará.

Mas, mesmo com a vaga na competição continental, estava claro o declínio que o clube atravessava. A modesta 14ª posição deixou o time apenas 4 pontos a frente do América Mineiro, que ficou na 17ª posição e foi o melhor entre os rebaixados.

O início de 2019 mostrou que o ano seria difícil para o jovem clube catarinense. Novamente finalista no campeonato estadual, a Chape ficou novamente com o vice, sendo derrotada pelo Avaí desta vez. Já na Sul-Americana, outra decepção, com a eliminação logo no primeiro confronto, contra os chilenos do Unión La Calera. Na Copa do Brasil, o clube passou por São José-RS, Mixto e Criciúma antes de ser eliminado novamente pelo Corinthians.

E então, sobrou o Brasileirão e o clube fez uma campanha abismal, com apenas 7 vitórias em 38 jogos e um rebaixamento indubitável com a 19ª colocação e apenas 32 pontos, 7 atrás do Ceará, primeiro clube fora da zona do rebaixamento.

E quando o rebaixamento no Nacional parecia ser o fundo do poço, veio o campeonato catarinense. A Chape chegou a passar rodadas na zona de rebaixamento e se salvou por pouco, terminando a primeira fase na 8ª posição, apenas uma acima da zona de descenso. Como no catarinense são apenas 10 times na primeira divisão, quem não é rebaixado está automaticamente classificado para as quartas de final. Só que, se o campeonato não tivesse sido suspenso por conta da pandemia de Covid-19, a Chape enfrentaria o atual campeão e líder da primeira fase, Avaí. Os clubes empataram em 0 a 0 na primeira rodada, mas a fase do Avaí era muito melhor do que a da Chape e tudo indicava uma classificação do time azul e branco. Por isso a parada do campeonato pode ter sido parcialmente benéfica à Chape.

Com o futebol paralisado por tempo indeterminado, é impossível prever como será quando tudo voltar, mas a questão sobre o futuro da Chape permanecerá. Será que a equipe conseguiu utilizar a parada no futebol para se acertar, ou será que volta ainda pior na Série B?

 

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