A temporada 2001/2002 está para sempre na história do torcedor do Lyon. No início do século XXI, a equipe sentiu pela primeira vez o prazer de vencer o Campeonato Francês. Era 4 de maio de 2002 quando venceu o Lens, na última rodada do torneio, e conseguiu, em seu estádio, levantar o troféu da Ligue 1.

Só que aquele evento marcante acabou sendo o início de uma época de ouro, que terminou com um feito raro -- e inédito até os dias de hoje -- no Francês: o Lyon venceu outras seis vezes a competição, todas de forma consecutiva.

Conhecida por ser uma das ligas mais equilibradas da Europa, com clubes se revezando no topo, a Ligue 1 viveu um reinado sem nenhum precedente. Não houve outro campeão que não fosse o Lyon de 2001/2002 a 2007/2008.

Nem mesmo o poderoso Paris Saint-Germain, com um aporte financeiro que rompe os padrões da boa concorrência na França, foi capaz de igualar, hoje, o Lyon da primeira década do século.

O Paris venceu o Francês quatro vezes seguidas em sua maior série, entre 2013 e 2016. O Monaco de Mbappé, porém, rompeu a sequência na temporada 2016/17. Atualmente, vale destacar, o PSG soma três títulos consecutivos e pode se aproximar do feito do Lyon.

De volta aos anos 2000, o Lyon não só quebrou o jejum do título nacional em 2002, como estabeleceu uma dinastia no país. Mas, como o clube da cidade de mesmo nome conseguiu o feito? O que foi decisivo na guinada e mudança de patamar da instituição na França? Quais jogadores estiveram por trás do reinado histórico? A seguir, a Betway relembra os tempos de ouro do Lyon.

Lyon bateu na trave e lidou com jejum até 2000

O Lyon entrou no cenário competitivo do Campeonato Francês no final de 1990. A partir de 1998/99, esteve entre os três primeiros da tabela em todas as edições até 2001/02, temporada que culminou no primeiro título.

Neste mesmo período, a pressão por taças deixava de ser problema no Estádio Groupama. Em 2000/2001, o OL venceu a Copa da Liga Francesa e encerrou um jejum de 28 anos sem troféu. A glória veio na temporada seguinte, com o título máximo da liga nacional.

Os segredos do ‘imbatível’ Lyon

media media Fonte: Eddy LEMAISTRE / Corbis Sport via Getty Images

Legião de brasileiros

A estruturação esportiva do clube, que começou a brigar pelas primeiras posições do Francês a partir de 1998, passa pela contratação certeira de alguns jogadores. Dentre eles, uma legião de brasileiros.

O primeiro a abrir a fila foi Sonny Anderson. Em seguida, chegaram Edmilson e Juninho Pernambucano. “O time contava com brasileiros em todos os setores. Junto com as outras lideranças, isso deu um equilíbrio maior à equipe. E, a partir de então, a gente abriu portas. É o que eu digo: jogador brasileiro fecha ou abre portas quando vai à Europa. Quando ele vai para um clube e não quer nada, bota a culpa no treinador, ele fecha a porta totalmente para outros brasileiros. Mas quando você vai, se impõe e joga, conquista o respeito de todo mundo no clube”, afirmou Juninho Pernambucano em entrevista ao site “Trivela”.

Surgimento de craques

O equilíbrio do Lyon se dava não só pelo talento brasileiro. Joias francesas surgiram para o futebol justamente nesta época de ouro do clube, que conseguiu investir mais em contratações e formação de atletas. Ben Arfa (meio-campista), Alou Diarra (volante) e os atacantes Rémy e Benzema foram alguns jovens que passaram pelo Lyon e fizeram sucesso ao lado dos mais experientes.

Juninho Pernambucano: craque marcou época

É óbvio que vencer sete títulos consecutivos não é fácil. Em algumas temporadas, aliás, o Lyon passou perto de perder o troféu. Só que, estruturado diante dos clubes de maior tradição na França, a equipe conseguiu os triunfos por conta, também, do talento de alguns de seus craques. O principal deles é Juninho Pernambucano, ídolo absoluto e atual diretor do time.

Na mesma entrevista ao “Trivela”, Juninho, que fez 100 gols em 343 jogos pelo Lyon, admitiu que foi um dos responsáveis por mudar o rumo do time na França. “Fico feliz por ter ajudado o clube a mudar de patamar, isso é legal pra caramba.”

Na visão de Juninho, o Lyon entendeu como enfrentar o Saint-Étienne, maior campeão francês da história e rival do clube. Mais do que isso: o time desenvolveu uma mentalidade vitoriosa e competitiva.

“A cobrança em relação ao Saint-Étienne era total. Antes, o título da temporada para o Lyon era ganhar deles. A história mostrava isso. O Saint-Étienne conquistou muitos títulos, chegou à final da Copa dos Campeões, foi base da seleção. E está a apenas 40 quilômetros de distância. Então, havia uma cobrança sobre a gente, porque o time já vinha crescendo. No ano anterior [2000/2001], tinha conquistado a Copa da Liga, o primeiro título em muitos anos. Era realmente a oportunidade de se afirmar entre os grandes. Estava entre os médios e aquele título marcou a mudança. Meu maior orgulho é que fomos buscar isso no trabalho. Nos oito anos em que fiquei lá, nosso ritmo no treino e em tudo fez a diferença. A mentalidade ajudou muito.”

O que possibilitou o reinado do Lyon?

Campeão francês já na primeira temporada que chegou ao país, Juninho revelou que a confiança diante dos outros jogadores do elenco e da torcida veio só depois de um tempo. Nem mesmo o título o deixou à vontade logo de cara.

Depois que se adaptou, deu show: passes de efeito, lançamentos precisos e cobranças de faltas mágicas. Para o meia revelado pelo Vasco, o Lyon sabia o tamanho que tinha diante dos rivais e que era preciso se provar, sempre.

“O Lyon tem e tinha consciência do tamanho dele em relação aos outros clubes maiores. Sabia que não poderia dar um passo para, da noite para o dia, ser igual aos grandes. Então, tudo o que era feito pelo clube tinha muita análise, muito estudo. Planejava as contratações, passou a investir na base. O Lyon atravessou uma época em que errava pouco nas contratações”, disse Juninho.

“Mas, ao mesmo tempo, mantinha uma base. Se você pegar o elenco, alguns jogadores participaram da maioria das conquistas. E aí é que estava a diferença, na minha opinião: os jogadores novos viam um time multicampeão que trabalhava forte para aquilo. Nosso ritmo nos treinos era muito alto, nossa intensidade. Aquilo criou uma relação muito forte, um elenco bom. Aí, claro, o dinheiro começou a sobrar e o Lyon mandou um pouco mais no mercado nacional. Trouxe jogadores jovens, como o Essien, o Toulalan, o Diarra, o Abidal. A gente tinha time para ganhar a Champions”, afirmou o ex-jogador. Faltou, de fato, o título da Liga dos Campeões àquele time mágico e que sabia se reinventar.

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