Por muito tempo, o Campeonato Italiano foi o mais badalado do mundo. Na década de 80, vários craques brasileiros, como Sócrates, Zico, Júnior e Falcão, astros da seleção nacional, foram se aventurar no país da bota, que era o destino mais sonhado pelos atletas de ponta. O mesmo fenômeno acontece atualmente em outro país europeu: a Inglaterra.

A Premier League conta com alguns dos principais brazucas em atividade, como Ederson, Alisson, Gabriel Jesus, Phillipe Coutinho (veja como o meia se tornou o “Mágico” no Liverpool), Richarlison, Fabinho e Firmino, todos com constantes convocações para defender a Canarinho.

No século passado, porém, o cenário era outro. O primeiro brasileiro a defender um time inglês foi o atacante Mirandinha, já em 1987, antes de o Campeonato Inglês se tornar a liga mais rica e poderosa do planeta.

De lá para cá, os brasileiros ganharam importância na terra da rainha. No fim dos anos 90, Juninho Paulista virou ídolo do modesto Middlesbrough. No início do século XXI, Gilberto Silva brilhou no Arsenal, recebeu o apelido de Invisible Wall (Muro Invisível) e foi fundamental para o título invicto dos Gunners na temporada de 2003/04 da Premier League  – Edu também participou da campanha.

Mais recentemente, David Luiz e Ramires foram peças-chave no Chelsea de 2012, que conquistou a Champions League pela primeira vez na história do clube – veja quais são os maiores artilheiros em uma única edição do torneio continental. Ainda nos Blues, na temporada atual, o zagueiro Thiago Silva foi eleito o melhor jogador do título do Mundial de Clubes conquistado sobre o Palmeiras, em fevereiro.

Há, porém, quem faça o caminho inverso e troque a Premier League pelo futebol brasileiro, seja para encerrar a carreira por aqui, seja para tentar recuperar o bom futebol antes de voltar à Europa. Veja uma lista com atletas que vieram da Inglaterra para o Brasil recentemente.

David Luiz

O zagueiro David Luiz, como já contado no texto, teve duas passagens vitoriosas pelo Chelsea. Na primeira, entre 2011 e 2014, além da Champions League citada, foi campeão da Liga Europa de 2012/13 e da Copa da Inglaterra de 2011/12. Foram as atuações pelo time inglês que o credenciaram a uma vaga na seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2014, na qual ele era um dos pilares da equipe.

Depois de passagem pelo Paris Saint-Germain, da França, David Luiz voltou ao Chelsea e novamente levantou taças: outra Liga Europa, em 2018/19, outra Copa da Inglaterra, em 2017/18, e uma Premier League, em 2016/17. Em 2019, por cerca de 8 milhões de libras (à época, R$ 38 milhões), foi para o Arsenal, onde também conquistou títulos: a Copa da Inglaterra, em 2019/20, e a Supercopa da Inglaterra de 2020.

Em setembro do ano passado, aos 34 anos, com o contrato com os Gunners tendo chegado ao fim, o zagueiro encerrou uma longa passagem pela Inglaterra e retornou ao Brasil – onde havia atuado pelo Vitória entre 2005 e 2007. Ele assinou vínculo com o Flamengo, e chegou ao clube com muito apoio da torcida, que o viu como alguém experiente e vitorioso. No Rubro-negro, em pouco mais de seis meses, foi vice da Libertadores e da Supercopa do Brasil.

Willian

Willian tem trajetória parecida com a de David Luiz. Também saiu cedo do Brasil, atuando apenas pelo clube revelador – no caso dele, o Corinthians –, e passou pelos mesmos dois times ingleses: Chelsea e Arsenal. O meia atuou na Inglaterra durante quase dez anos, e também deixou sua marca por lá.

Os Blues o contrataram em 2013, vindo do Anzhi, da Rússia, e tendo sido um dos principais jogadores do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, entre 2007 e 2012. No Chelsea, Willian conquistou duas vezes a Premier League, em 2014/15 e 2016/17, levou a Copa da Inglaterra de 2017/18, a Copa da Liga Inglesa de 2014/15 e a Liga Europa de 2018/19.

Nos sete anos de Chelsea, o craque foi um dos principais brasileiros na Europa, acumulou passagens pela seleção brasileira, tendo sido convocado para as Copas do Mundo de 2014 e 2018 e conquistando a Copa América de 2019. Em 2020, deixou o clube com uma carta de despedida aos torcedores e acertou com o Arsenal. A passagem pelos Gunners foi bem mais modesta, sem taça, e durou apenas um ano.

Em 2021, assim como David Luiz, o meia, com 33 anos, voltou ao Brasil, mas para seu primeiro clube, o Corinthians, com a responsabilidade de ser um dos líderes do elenco.

Andreas Pereira

A história de Andreas Pereira é diferente da de David Luiz e Willian. O meia nasceu na Bélgica, mas é filho de pais brasileiros e tem dupla cidadania. A carreira profissional começou já na Inglaterra, no Manchester United, onde atuou na base entre 2011 e 2014. Durante o período em que esteve em Manchester, foi emprestado para Granada, Valencia e Lazio.

O melhor período de Andreas na terra da rainha foi entre 2018 e 2020. Depois da Copa do Mundo da Rússia, foi convocado por Tite para defender a seleção brasileira, e se tornou o quarto jogador não nascido no Brasil a defender a Amarelinha.

No meio do ano passado, mesmo com propostas para seguir no mercado europeu, Andreas Pereira trocou a Premier League pelo Brasileirão e foi emprestado ao Flamengo. Diferentemente dos outros dois jogadores da lista, o meia chegou ao país ainda jovem, com 26 anos. No Mengão, mesmo em pouco tempo até aqui, ainda tenta se adaptar e se firmar. Foi vice da Supercopa do Brasil e da Libertadores, quando falhou na final contra o Palmeiras.

Wesley Moraes

Wesley Moraes é outro jogador que não começou a carreira profissional no Brasil. Nascido em Minas Gerais, o atacante fez a base no Itabuna, da Bahia, mas, após testes na Europa, foi contratado pelo Trecin, da Eslováquia.

Depois de passagem pelo Brugge, da Bélgica, foi negociado com o inglês Aston Villa, em 2019, por cerca de 22 milhões de libras, sendo a maior contratação da história do clube à época. Wesley tinha 22 anos. No mesmo ano, foi convocado para amistosos com a seleção brasileira.

Um rompimento do ligamento cruzado do joelho direito atrapalhou a trajetória do centroavante na Inglaterra. Sem espaço no retorno da lesão, foi emprestado ao Brugge no ano passado para tentar recuperar o bom futebol. No início deste ano, deixou a Premier League para buscar a sorte no Brasil. Atualmente com 25 anos, foi emprestado para o Internacional, ainda como um atleta um tanto quanto desconhecido do público geral brasileiro.

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