Disputado pela primeira vez em 1933, o Torneio Rio-São Paulo foi um campeonato regional entre os times do Rio de Janeiro e de São Paulo que passou por diversas reviravoltas, registrou partidas históricas para o futebol brasileiro e serviu até de base para a criação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. No final da década de 1990, o Rio-São Paulo viveu o último auge antes de ser extinto, em 2002.

Nos anos 1930, os grandes dos dois Estados da região sudeste se uniram à Federação Brasileira de Futebol e organizaram um campeonato interestadual. A edição inaugural, que contou com Palestra Itália (antigo nome do Palmeiras), São Paulo, Portuguesa de Desportos, Bangu, Vasco, Corinthians, Fluminense, América-RJ, Santos, Bonsucesso, São Bento e Ypiranga (SP) teve o time do Parque Antártica como campeão.

Em 1934, houve uma tentativa de se organizar a segunda edição, até foi disputada uma fase classificatória, mas o surgimento da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, antigo nome da atual CBF) fez alguns clubes grandes migrarem para a nova entidade e abandonarem a competição. Situação parecida aconteceu em 1940, ano em que novamente o Rio-São Paulo começou, mas não foi terminado.

1950-1966: regularidade e inspiração

O Torneio Rio-São Paulo começou a ter prestígio no cenário nacional a partir de 1950. Daquele ano em diante, a competição foi disputada com regularidade, registrou títulos de Palmeiras, Corinthians, Santos, Fluminense, Botafogo, Portuguesa e outros, e virou um dos grandes eventos do calendário do futebol brasileiro.

O sucesso esportivo do torneio, que contava com as principais equipes do país, historicamente, transcendeu o eixo Rio-SP depois de 1966. Em 1967, clubes de outros Estados foram convidados a participar da competição, que deixou de se chamar Rio-São Paulo. O novo formato teve o nome de Torneio Roberto Gomes Pedrosa, posteriormente unificado como título brasileiro pela CBF.

O Campeonato Brasileiro, com o nome atual que conhecemos, foi criado pouco depois, em 1971. Ele substituiu o Gomes Pedrosa e houve novo período sem jogos valendo troféu entre cariocas e paulistas.

1997-2002: último auge e extinção

A criação do Brasileirão, que contava com times de todos os Estados do país e virou a grande conquista das décadas de 1970 e 1980, forçou uma fixação no calendário nacional semelhante ao que vivemos atualmente: além do torneio nacional, as equipes disputavam os estaduais, contra times da mesma federação.

Em 1993, as federações paulista e carioca se mexeram para retomar o Rio-São Paulo. O retorno de um torneio prestigiado, que alimentava a rivalidade regional, certamente interessava aos clubes e organizações, já que gerava um dinheiro extra. A edição de 1993, vencida pelo Palmeiras, porém, não teve sequência. O campeonato só foi ter edição de ano em ano, de novo, somente em 1997.

Entre 1997 e 2002, ano em que o Rio-São Paulo foi disputado pela última vez, o interestadual viveu seu auge derradeiro. Primeiro, em 1997, a competição aconteceu em sistema mata-mata. No ano seguinte a 2001, foi fixada uma tabela com dois grupos de quatro equipes, duas de cada Estado, com semifinal (os dois melhores de cada chave) e final.

Neste período, oito agremiações participaram de todas as edições: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, do Rio; e Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, representando os paulistas.

Em 2002, o Torneio Rio-São Paulo foi realizado com mais times. Foram 16 participantes no total, e ele substituiu os estaduais de Rio e SP. As equipes cariocas participaram do Estadual com times B, enquanto o Paulistão só contou com equipes de menor expressão, que não estavam no Rio-São Paulo.

O último campeão do Rio-São Paulo foi o Corinthians, que venceu o rival São Paulo na decisão. Escanteados, o Carioca de 2002 teve o Fluminense como campeão, enquanto o Paulistão ficou com o Ituano.

Os maiores campeões do Torneio Rio-São Paulo

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Quando o assunto é a taça do Rio-São Paulo, os clubes de SP levam vantagem. Ao todo, foram 18 títulos paulistas contra dez dos cariocas. Flamengo e São Paulo foram os grandes que menos ganharam: um troféu para cada. Portuguesa e Fluminense empatam (duas conquistas por time), seguidos por Vasco (3) e Botafogo (4).

No topo há uma igualdade entre três clubes. Santos, Corinthians e Palmeiras, todos com cinco conquistas. O Verdão, no entanto, leva vantagem na somatória geral de pontos, uma vez que parte da competição foi disputada em pontos corridos. Foram 121 vitórias do único time que ultrapassou três dígitos no quesito.

Por que o Torneio Rio-São Paulo acabou?

O Torneio Rio-São Paulo foi protagonista de grandes jogos entre 1997 e 2002. Passaram pelo campeonato, na virada do milênio, nomes como Romário, Marcelinho Carioca, Rivaldo, França, Kaká, Dida e outros craques.

Só que, apesar de todo o sucesso e a rivalidade clássica entre paulistas e cariocas, ele foi descontinuado após o título do Corinthians, em 2002. Por quê?

A resposta passa pelo calendário do futebol brasileiro. Com a mudança do Brasileirão para pontos corridos, em 2003, feita pela CBF, não havia mais espaço na agenda para interestaduais. Os campeonatos estaduais, desta forma, prevaleceram e o Rio-São Paulo foi extinto.

Com o término do Rio-São Paulo, Bangu e América-RJ, pelo lado carioca, e Ponte Preta e Guarani, representando os paulistas, escaparam da queda prevista em 2003. Segundo o regulamento, eles deixariam de disputar o Rio-São Paulo no ano seguinte para jogar apenas os estaduais.

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