Simeone no topo: os técnicos mais longevos da Champions League

Diego Simeone, Jürgen Klopp e Guardiola estão entre os técnicos com os trabalhos mais longevos da Champions League; veja a lista completa
Diferentemente do futebol brasileiro, em que um técnico já começa um trabalho em um time grande pressionado e poucos têm a chance de fechar uma temporada completa no cargo, o futebol europeu tem outra cultura quando o assunto é definir o treinador e a comissão que irão gerir a equipe à beira do campo e como a equipe irá jogar.
No Brasil, existe uma ‘engrenagem viciada’ que não ajuda nenhum técnico. Seja pelo despreparado de dirigentes, que trocam de treinadores de uma hora para outra e apostam em estilos completamente opostos, seja pela pressão da torcida ou pelo próprios profissionais da área, que se submetem a trabalhos curtos e emendam um desafio no outro, treinar times de futebol no país é uma instituição defasada.
Basta comparar com a estrutura e a formação de técnicos em outros países da América do Sul, também: atualmente, os argentinos têm licenças nacionais que permitem os profissionais trabalharem nos times de elite da Europa e participarem da Champions League.
Um brasileiro, caso queira dirigir uma equipe no Velho Continente, precisa ter a licença da Uefa, já que o programa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não é aceito pela entidade como acontece com o curso da AFA (Associação do Futebol Argentino).
Na Liga dos Campeões, maior torneio de clubes do mundo, estão naturalmente os melhores técnicos do planeta. Afinal, é necessário profissionais capacitados para gerir elencos milionários e fazer com que eles rendam, de fato, em campo.
Além do talento, os técnicos de elite na Europa costumam ter um elemento precioso para desenvolver times, impor estilos de jogo e às vezes até transformar internamente os clubes em meio a muita pressão: tempo.
É o caso, por exemplo, de Alexander Ferguson, que comandou o Manchester United por 27 anos, registrou quase 1300 jogos e virou ídolo dos torcedores dos Red Devils. No fim da passagem, que só foi encerrada quando o técnico escocês decidiu se aposentar, Ferguson já havia transformado o dia a dia do tradicional time de Manchester e atuava como técnico e dirigente, participando da administração do clube.
Enquanto Ferguson era lapidado como ídolo em Manchester, em Londres o Arsenal vivia situação parecida. O francês Arsène Wenger comandou o clube por 22 anos, rivalizou com o United do técnico escocês por mais de uma década e, assim como o rival, mostrou que era possível executar bons trabalhos em períodos extremamente longos.
Atualmente, com os dois lendários aposentados, uma nova safra de técnicos vitoriosos e bem-sucedidos fazem trabalhos longevos e brilham na Liga dos Campeões. Abaixo, veja quais são os treinadores mais duradouros da Champions League 2021/22. Antes, uma observação: todos eles não correm risco de serem demitidos em caso de eliminação no torneio mata-mata, algo tão comum e corriqueiro no futebol brasileiro.
Sérgio Conceição (Porto): 4 anos
O primeiro nome do top-5 técnicos com trabalhos mais longos na Liga dos Campeões é o português Sérgio Conceição, contratado pelo Porto no início da temporada 2017/18. O comandante de 46 anos assumiu o desafio depois de ser treinador do Nantes, da França, e rodar em clubes de menor expressão em Portugal.
Ele já conquistou duas vezes o Campeonato Português e é tratado, atualmente, como peça fundamental pelo bom momento do Dragão nos torneios nacionais. Antes de sua chegada, o Benfica dominou o cenário local. Na Liga dos Campeões, o Porto tem menor orçamento e não consegue fazer frente a times ingleses, espanhóis e italianos, de um modo geral.
Na edição de 2021/22, Sérgio Conceição tem a dura missão de brigar em uma chave com Milan, Liverpool e Atlético de Madri. Coincidentemente, ele enfrenta dois técnicos com trabalhos ainda mais longos do que o seu. Ele tem contrato com o Porto até 2024 e deve ampliar as marcas à beira do campo.
Pep Guardiola (Manchester City): 5 anos
Considerado um dos melhores técnicos de todos os tempos e um dos melhores do futebol mundial neste momento, Pep Guardiola costuma fazer trabalhos longevos na carreira. Foi assim no Barcelona, quando ele fez história com o ‘Tiki-Taka’ -- futebol de posse de bola e muita troca de passes -- e ganhou tudo entre 2008 e 2012; a cena se repetiu no Bayern de Munique, em que não teve o mesmo sucesso, mas ficou por três anos; e, agora, no Manchester City.
No milionário time da Premier League, Guardiola briga todo ano pelo título inglês -- ele já conquistou três vezes o campeonato. A obsessão do clube e do próprio treinador segue sendo o troféu da Champions League (2020/21 foi a temporada em que a equipe mais se aproximou do feito, mas terminou com o vice).
No controle do City desde 2016, Guardiola já passou de cinco anos de trabalho e renovou contrato até junho de 2023. Ele, que poderia até seguir caminhos semelhantes ao de Ferguson e Wenger, prefere cautela. O futuro do comandante ainda é incerto, e ele não descarta uma pausa na carreira após o término do vínculo.
Gian Piero Gasperini (Atalanta): 5 anos
Na contramão dos badalados técnicos da lista surge o italiano Gian Piero Gasperini. Aos 63 anos, o treinador da Atalanta assumiu o time na mesma época em que Pep Guardiola foi anunciado pelo City, mas leva alguns dias de vantagem.
Com contrato válido até 2022, Gasperini transformou a Atalanta e colocou o clube no radar mundial com um futebol equilibrado, de contragolpes mortais e muita dedicação tática.
Assim a equipe criou uma base sólida, já avançou mais do que o esperado na Champions League, derrubando rivais de maior expressão, e tornou-se candidata ao título italiano nas últimas temporadas. Ele segue como unanimidade mesmo nunca tendo vencido um título.
Jürgen Klopp (Liverpool): 6 anos
O alemão Jürgen Klopp é um dos treinadores mais geniais do futebol mundial e conseguiu desenvolver uma fórmula para substituir o ‘Tiki-Taka’ de Guardiola, então grande tendência na modalidade em todo o planeta. Com um futebol rápido, de velocidade e muito vertical, ele fez o Liverpool voltar a vencer a Liga dos Campeões e conquistar a Premier League pela primeira vez em 30 anos.
Com contrato até 2024, Klopp se reinventa a cada temporada para manter sua equipe competitiva na Inglaterra e no continente, como um todo, e fazer frente aos elencos milionários e mais estruturados do que o seu. Ele é adorado nos Reds, já passou de seis anos no cargo e deve seguir por lá caso seja de sua própria vontade.
Diego Simeone (Atlético de Madri): 9 anos
O topo da lista é, com sobras, de Diego Simeone. O argentino, único sul-americano intruso no meio do top-5 europeu, tem o trabalho longevo mais admirado depois das eras de Ferguson e Wenger.
No clube espanhol desde 2011, Simeone faz um trabalho mágico no segundo clube de Madri: ainda que tenha orçamento muito menor do que o Real Madrid e o Barcelona, o técnico estabeleceu um futebol reativo, de força e raça e consegue a cada temporada brigar com as duas potências do país.
Atual campeão espanhol, Simeone tem dois troféus de La Liga na carreira e ficou muito perto de vencer a Liga dos Campeões em duas oportunidades, algo inimaginável no clube antes de sua chegada. Sua equipe batalhou, fez jogos memoráveis, mas perdeu duas finais de Champions para o rival Real, uma na prorrogação e outra nos pênaltis.
Próximo de completar 10 anos no cargo (dezembro de 2021), Simeone tem contrato até 2024 e não dá pistas de que deixará o Atlético tão cedo. Por lá, ele é ídolo absoluto.