Jogadores que perdemos para outros países

Eles são craques internacionais, nasceram no Brasil ou são filhos de brasileiros, mas optaram por defender outros países em suas carreiras. E nós acabamos ficando sem seus talentos
Nenhum país no mundo produz tantos talentos no futebol quanto o Brasil. Historicamente, os maiores craques em quantidade saíram daqui. Quem mais se aproxima da nossa quantidade de craques, talvez, sejam nossos vizinhos argentinos, mas mesmo eles ainda estão longe de nossa marca histórica.
Não por acaso, ninguém tem mais Copas do Mundo do que o Brasil. Mas tantos talentos podem fazer com que jogadores passem suas carreiras sendo ofuscados por outros atletas. Quem se lembra das opções da seleção brasileira para o ataque na Copa de 1998? Além dos convocados Ronaldo, Bebeto e Edmundo, país ainda tinha Romário (convocado originalmente, mas cortado por lesão), Luizão, França, Amoroso, Guilherme, Paulo Nunes, Oséas, Evair, Élber, Giovanni e muitos outros. A lista é realmente longa, e todos os nomes citados, além de alguns deixados ocultos, tinham altíssima qualidade e brigariam facilmente pela 9 da seleção hoje.
Mas se você se lembrar corretamente, verá que muitos desses não tiveram muitas oportunidades na seleção. Oras, você pode ser bom, mas se está brigando por vaga com Ronaldo, fatalmente vai perder a disputa.
Outros jogadores, como Danilo, que fez história em São Paulo e Corinthians, sequer tiveram uma oportunidade com a camisa amarela, algo que jamais será bem explicado. Por maior que fosse a disputa, zero convocações é algo incompreensível.
Mas há um outro movimento de jogadores, que, não apenas por questão de competição forte por vagas, mas também por identificação pessoal ou outros motivos, desistem de jogar na seleção brasileira para defender outro país.
Recentemente vimos uma leva de jogadores se naturalizando como chineses, inclusive sendo obrigados a mudar seus próprios nomes e ceder sua cidadania brasileira para isso. Claro, não são talentos que farão falta à seleção brasileira, mas ainda são exemplos de atletas naturalizados.
Mas e quando estes jogadores que escolhem defender outro país tem um talento diferenciado? É muito comum vermos notícias em jornais reclamando que tal atleta não recebe oportunidades na seleção, vai acabar se naturalizando e nós vamos sentir sua falta etc.
Pensando nisso, fizemos uma breve lista de alguns grandes jogadores que são brasileiros de berço, mas talvez não de coração e definitivamente não de camisa, e vamos analisar para ver se eles teriam espaço na seleção atual.
Thiago Alcântara
Fonte: Getty Images
Começamos no mais óbvio de todos. Thiago é um jogador de qualidade ímpar. Um meia cerebral adorado por ninguém menos que Guardiola, que fez questão de levá-lo do Barcelona para o Bayern de Munique durante sua mudança. Os alemães, claro, também se apaixonaram por ele e o seguraram quando Pep foi para a Inglaterra.
Thiago é filho do ex-jogador Mazinho, campeão do mundo em 1994. Ele nasceu na Itália, é verdade, mas seus pais são brasileiros e dos bem reconhecidos como tal. Mas desde cedo, Thiago optou por defender a seleção da Espanha. Ele não fez parte do time que ganhou tudo entre 2008 e 2012, mas ainda assim segue defendendo a Fúria aos 29 anos como um dos pilares criativos do time.
Na posição de Thiago ou em posições semelhantes, Tite conta hoje com Casemiro, Arthur, Fabinho e Bruno Guimarães. Thiago é melhor do que todos eles e tem uma prateleira de troféus para provar. Não apenas teria espaço em convocações como seria titular.
Jorginho
Fonte: Getty Images
Ele é um caso de jogador que nem esperou para ver se teria oportunidades na seleção. Jorginho jamais atuou em solo brasileiro. Ainda jovem, mudou-se para a Itália e começou sua carreira na base do Verona em 2007. Aos 23 anos, se transferiu para o Napoli, onde teve oportunidade de mostrar seu talento na armação do jogo como um segundo volante.
O sucesso na Sicília rendeu uma negociação com o Chelsea em 2018, onde ele tem sido considerado parte fundamental no esquema dos Blues com os vários treinadores que passaram por lá.
Jorginho chegou a ter seu nome ventilado na seleção brasileira, mas sem muita força e ele não esperou muito para se naturalizar italiano, acumulando 22 convocações desde 2014, quando expressou seu desejo de defender a Azzurra.
Jorginho não tem a mesma qualidade de Thiago, mas tem situação semelhante em nossa lista. Ele tem talento e talvez não fosse titular, já que Casemiro ainda está à frente, mas ele certamente teria condições de brigar com Arthur ou Bruno Guimarães por uma vaga no banco da seleção.
Rodrigo
Fonte: Getty Images
Ele estourou um pouco tarde, mas como estourou. Aos 29 anos, o atacante do Valencia vem acumulando boas temporadas na Espanha, com seu estilo veloz e de finalização potente com a perna esquerda.
Poucos se lembram, mas ele fez parte da base do Flamengo em 2002, porém jamais subiu para os profissionais. Inclusive, ele é filho de Adalberto, ex-lateral esquerdo do Flamengo. De lá, saiu para o Nigrán FC, Celta Vigo e, finalmente, o Real Madrid, que lhe deu oportunidades nos times de aspirantes, mas nunca lhe deu minutos na equipe principal.
A saída para jogar em alto nível foi se mudar de país e ele se mandou para Portugal, onde defendeu o Benfica por 4 temporadas antes de voltar para a Espanha em 2014, para defender o Valencia, clube em que está até hoje, como titular absoluto.
Foi também em 2014 que começou sua história na Seleção da Espanha. Até hoje, são 22 partidas e 8 gols com a camisa vermelha.
Rodrigo é um bom atacante e certamente teria condições de brigar por uma vaga na seleção, mas a batalha com Firmino e Gabriel Jesus não seria fácil. Consideramos o atacante do Liverpool alguns degraus acima dele, mas Gabriel Jesus não está tão longe assim. Talvez se Rodrigo sair do Valencia para jogar em um clube de projeção continental e mantiver o nível, nós possamos sentir a perda dele para a seleção.
Diego Costa
Fonte: Getty Images
Ele é polêmico, mas faz gols. Conhecido por seu estilo raçudo, que muitas vezes acaba extrapolando alguns limites, Diego Costa fez uma carreira de sucesso na Europa, principalmente por Atlético de Madrid e Chelsea.
Mas ele é mais um jogador nascido no Brasil mas que jamais atuou por um clube do país. Ele fez parte das categorias de base do Barcelona entre 2004 e 2006, mas começou sua carreira profissional no Braga, de Portugal.
De lá, foi para o Atlético de Madrid, de onde foi emprestado algumas vezes até estourar com muitos gols. O Chelsea o contratou e ele atravessou outros bons momentos na Inglaterra antes de voltar ao Atleti, onde está desde 2018.
Dos nomes nesta lista, talvez ele seja aquele que mais tenha se discutido sobre sua capacidade de vestir a amarelinha. Meses antes da Copa de 2014, no Brasil, a seleção vivia uma crise de atacantes, com opções longe de terem qualquer unanimidade entre torcedores e analistas.
Muitos pediam para que ele tivesse oportunidade na Copa das Confederações, um ano antes do mundial, mas Felipão não deu ouvidos aos críticos e seguiu com Fred como centroavante. Vendo que não teria chances no Brasil, Diego Costa se naturalizou espanhol e foi prontamente convocado para a Copa no Brasil. Até hoje, foram 24 jogos e 10 gols com a camisa espanhola.
Está claro que Diego Costa teria vaga naquela seleção, inclusive como titular. Se sucesso em alto nível provou que perdemos um bom atacante. Talvez hoje, aos 31 anos e marcando cada vez menos gols, ele não tivesse condições de brigar com Firmino, Gabriel Jesus e até com Gabigol, mas com certeza fez falta em 2014.
Emerson Palmieri
Fonte: Getty Images
O lateral esquerdo Emerson começou sua carreira na Vila Belmiro, saído do CT Meninos da Vila em 2013. Sua passagem de 3 anos com os profissionais do Santos o levou para a Itália, em empréstimos para Palermo e Roma. O time da capital gostou tanto de Emerson que o comprou ao fim do empréstimo em 2016.
Ele acumulou boas partidas e o Chelsea o comprou em 2018. Hoje ele é titular nos Blues, colocando o antigo dono da posição, Marcos Alonso, no banco.
A competição pela vaga na lateral esquerda da seleção é grande, com Marcelo, Filipe Luís, Alex Sandro, Renan Lodi, Alex Telles e outros nomes. Na Itália, por outro lado, há poucos laterais esquerdos de qualidade e isso obviamente fez os olhos de Emerson brilharem em azul, e ele se naturalizou em 2018, acumulando 7 partidas desde então.
Emerson é um bom jogador, mas a briga é claramente desleal. Mesmo com 25 anos e muito tempo de carreira pela frente, a disputa atual com Marcelo, Filipe Luís e Alex Sandro é difícil de ser vencida. Ele não teria espaço na seleção, hoje. Pode ser que no futuro isso mude e nós tenhamos que lidar com a frustração de vê-lo ajudar outro país se nossa situação de laterais piorar.
Ainda há uma série de jogadores brasileiros que se naturalizaram por outros países, como Marlos (Ucrânia), Pepe (Portugal), Mário Fernandes (Rússia) Guilherme (Rússia), Léo Lacroix (Suíça) e Rony Lopes (Portugal), mas é difícil fazer qualquer defesa por eles na seleção atual. Pepe teve seu nome cogitado no passado, mas ele faz parte da seleção portuguesa há quase duas décadas e já está em idade avançada. Pode ser que pudéssemos ter contado com ele em algum momento, mas não podemos dizer que fez tanta falta. Em relação aos outros nomes, acreditamos que fizeram a melhor escolha para eles em se naturalizarem, pois dificilmente teriam espaço no time do Brasil.
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