Francesco Totti é um dos maiores jogadores da história do futebol italiano. O meia-atacante, que esteve no elenco campeão do mundo na Copa de 2006, disputada na Alemanha, tem uma trajetória gloriosa pela seleção de seu país e uma carreira de muita, muita lealdade à Roma, único clube que defendeu ao longo de 25 anos como profissional.

Se ainda tivesse idade para estar jogando, Totti muito provavelmente seria um dos jogadores mais caros do futebol mundial. Tudo por conta de um talento fora de série e uma visão de jogo extraordinária. O porte físico também chamava a atenção no jogador, que atuava como meia clássico, meia de ligação ou até mais avançado, como um segundo atacante. Não faltava repertório ao eterno camisa 10 da Roma.

Considerado o maior ídolo da história do clube da capital, Totti completou ao longo da carreira 786 jogos pela Roma, com 307 gols marcados. Isso lhe deu uma média de 0,39 tento por partida. O número pode não parecer alto, mas Totti contribuiu muito com armação de jogadas e assistências para os companheiros -- talvez a sua principal característica em campo.

A marca de mais de 750 partidas pelo time só foi possível por um motivo: Totti nunca vestiu outra camisa além do uniforme da Roma. Isso, obviamente, sem contar o futebol de seleções. Ainda que tivesse oportunidades e propostas reais de se transferir para gigantes do continente, onde brigaria pelos principais troféus do futebol europeu, o meia preferiu ser fiel ao clube que o lançou ao mundo da bola.

Na Roma, Totti venceu uma vez o Campeonato Italiano, duas vezes a Copa da Itália e duas vezes a Supercopa Italiana. É pouco para um jogador considerado craque e com 25 anos de carreira profissional, mas é a perspectiva do time da capital, queira ou não, de menor porte do que Milan, Inter de Milão e Juventus (maior campeã italiana e dona de uma campanha extraordinária em 2013/14) em solo nacional.

“Tive alguns troféus na minha carreira, mas a vitória mais linda foi ter ficado na Roma”, destacou Totti, em uma entrevista ao ator italiano Salvatore Sposito, em 2020.

Por que, afinal, Totti preferiu permanecer na Roma e não topou desafios maiores na carreira? O que levou o jogador a dizer ‘não’ ao Real Madrid, por exemplo? A seguir, relembre a trajetória do camisa 10 e ídolo italiano e entenda os motivos.

Totti explica: por que não ir ao Real Madrid?

Francesco Totti é o maior da história da Roma. Praticamente nenhum torcedor arriscaria dizer outro nome se fosse questionado sobre qual é o ídolo principal do time. E o ex-meia de muito talento deixou bem evidente, depois que se aposentou, que o amor que tem pelo clube o afastou do Real Madrid.

“Claro que eu cometi erros. Houve mesmo um tempo em que eu pensei em deixar a Roma para jogar no Real Madrid. Quando a equipe mais forte e bem-sucedida do mundo o procura, você começa a pensar sobre a vida. Eu tive conversas com o presidente da Roma, o que fez a diferença. Mas, no final, a conversa que tive com a minha família me lembrou sobre o que é a vida”, escreveu Totti, em carta de despedida da Roma, em 2017.

“Para mim, essa é minha maior vitória, meu maior troféu: o de só ter vestido uma única camisa”, disse o ex-jogador na entrevista com Salvatore Sposito.

No mesmo texto emocionante em que se declara à Roma, Totti também contou uma história divertida de quando agentes do Milan, que tem uma rica história com brasileiros, foram até sua casa para contratá-lo, quando ainda era jovem e não havia subido ao profissional. Sua mãe disse ‘não’ ao interesse rossonero.

“Minha mãe, Fiorella, foi atender [a campainha]. Quando ela abriu a porta, um grupo de cavaleiros se apresentou como diretores de futebol. Mas eles não eram da Roma. Estavam vestidos de vermelho e preto. Eram do Milan e queriam que eu jogasse pela equipe a qualquer custo”, contou o ex-jogador, que ainda acrescentou. 

“Não foi uma decisão minha, é claro. Minha mãe era a chefe. Ele é a cabeça ainda. Posso dizer que ela é bem ligada a seus filhos, como qualquer mãe italiana, um pouco superprotetora. ‘Não, não’, ela disse aos diretores. É tudo o que ela tinha a dizer: ‘Desculpe, não, não’. Esse foi o fim”, completou Totti, afirmando que foi difícil dizer ‘não’ ao poderoso Milan. A família não o deixaria vestir qualquer outra camisa na Itália, e repetir, por exemplo, craques que já defenderam Milan, Inter e Juventus.

“Roma é mais do que um clube de futebol”, diz Totti

Quem nasce em Roma, tem duas opções: torcer para o lado azul, da Lazio, ou acompanhar o vermelho da equipe de mesmo nome da cidade. Quem diz isso é o próprio Totti, que tem uma família bem ligada ao clube em que se tornou ídolo.

O grande motivo para que Totti nunca deixasse a Itália era esse: a ligação familiar, principalmente quando o Real Madrid tentou de todas as formas contratá-lo. A Roma é mais do que um clube para ele.

“Em nossa família, havia apenas uma possibilidade. Infelizmente eu nunca conheci meu avô porque ele morreu quando eu era pequeno, mas ele deixou um grande presente. Felizmente, o meu avô Gianluca era um fã da Roma e passou ao meu pai, que então fez o mesmo com o meu irmão e eu. Nosso amor pela Roma é algo que nós sempre levaremos adiante”, admitiu.

“A minha casa é tudo. A Roma tem sido a minha casa. Durante 25 anos como jogador, vivo aqui. Espero que tenha representado as cores da Roma tão bem quanto eu poderia. Espero ter feito todos orgulhosos”, finalizou Totti na mesma carta, escrita em 2017.

E se o interesse viesse do Barcelona, Totti?

Foi duro, mas Francesco Totti resistiu ao interesse do Real Madrid. Também não deu bola a outros gigantes do Velho Continente, exceto o Barcelona, que nunca o procurou. Se isso tivesse sido feito, a história de fidelidade poderia ser diferente.

Em entrevista ao jornal catalão ‘Sport’, Totti admitiu que tinha vontade de atuar pelo Barça. “Honestamente, durante a minha carreira, nunca conversei com o Barcelona sobre uma transferência para a Catalunha”, afirmou o ídolo romanista. “O Real Madrid, ao contrário, fez de tudo. Eu lamento muito porque o Barcelona é um grande time para se assistir e teria sido bom jogar lá. Em outro mundo, vamos ver se o Barcelona aparece”, brincou.

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