Cair para a Série B do Campeonato Brasileiro é sempre um marco na história dos clubes grandes. Um marco negativo, claro. Seja pela zoeira dos rivais ou pela mancha na linha do tempo de conquistas de uma agremiação, cair é sempre um problema -- e, diga-se de passagem, cada vez mais recorrente entre clubes de maior destaque que não se encontram em boa situação financeira.

À exceção de Flamengo, Santos e São Paulo, os únicos times de expressão que nunca deixaram a Série A, todos os outros já experimentaram a segunda divisão do futebol brasileiro ao menos uma vez. Corinthians, Palmeiras, Fluminense, Vasco, Botafogo, Grêmio, Internacional, Atlético-MG e Cruzeiro, que disputa a competição em 2020, já terminaram o Brasileirão na zona do rebaixamento.

As campanhas dos gigantes na Série B, no entanto, costumam ser soberanas e sem muitos sustos. Há, obviamente, aquelas que saem do padrão: é o caso do Gigante da Colina, que já caiu três vezes e nem sempre sobrou para confirmar o acesso já no ano seguinte. De toda forma, todos não permaneceram por mais de um ano na Série B.

O Cruzeiro, que sofreu com menos seis pontos de punição da Fifa em 2020, corre sério risco de não terminar entre os quatro primeiros. Para isso, o clube mineiro recorreu à experiência de Luiz Felipe Scolari para salvar a temporada.

Aqui, uma ressalva importante, que certamente influenciou as campanhas na Série B antigamente. A partir deste ano, os grandes que caem para a segunda divisão não têm o mesmo orçamento fixo que a TV Globo pagava no passado. Ou seja, quando há uma queda, a emissora carioca rediscute o contrato e o clube rebaixado recebe cota de televisão mais próxima à realidade dos adversários fora da elite.

Veja, abaixo, as melhores campanhas dos gigantes na Série B do Campeonato Brasileiro.

Palmeiras – 2003

Quando caiu pela primeira vez, em 2002, o Palmeiras teve de aguentar as zoeiras dos três principais rivais: São Paulo, Santos e Corinthians, que, àquela altura, seguia firme e forte apenas na Série A. O desempenho, porém, foi bom e suficiente para que a equipe voltasse à elite. Liderado pelo experiente goleiro Marcos, que havia acabado de ser campeão da Copa do Mundo com a seleção, o Alviverde revelou alguns nomes interessantes para o futebol nacional naquela campanha. São os casos de Vagner Love, destaque do campeonato, e Pedro Geromel. No fim, o time acabou campeão com 79 pontos e apenas três derrotas em 35 jogos.

Botafogo – 2003

Outro que caiu ao mesmo tempo que o Palmeiras foi o Botafogo. E os cariocas só não conseguiram o título porque os paulistas foram superiores. Ainda assim, a campanha do Glorioso foi satisfatória (59 pontos) e garantiu que o clube assegurasse a segunda vaga para a elite. Naquele ano, é bom pontuar, apenas dois times subiam para a Série A, e os grandes precisaram confirmar o favoritismo e a pressão pelo acesso.

Atlético-MG – 2006

Rebaixado pela primeira vez em 2005, o Atlético-MG fez campanha segura no ano seguinte na Série B. Sob o comando de Levir Culpi, o Galo não demorou para confirmar o título e o acesso: foram 71 pontos em 38 rodadas. Dentre os destaques daquele time, os mineiros contavam com o goleiro Diego Alves, que depois rodou a Europa e hoje é titular do Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores, e Márcio Araújo e Éder Luis. Esses dois últimos nomes, que não são grandes craques, construíram carreiras sólidas em diversos clubes na Série A.

Corinthians – 2008

O trauma da queda do Corinthians em 2007 foi combustível para a guinada e o período mais vitorioso do clube, que viria na sequência -- as conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2012 coroaram a fase extraordinária. Em 2008, o Timão teve simplesmente o melhor rendimento da história da Série B: 85 pontos em 38 partidas. O time de Mano Menezes, que no ano seguinte venceria a Copa do Brasil com Ronaldo Fenômeno no elenco, foi soberano muito por conta das atuações de André Santos (lateral esquerdo), Elias (volante) e Douglas (meio-campista). No ataque, Dentinho e Herrera eram as principais opções.

Vasco – 2009

O Cruz-maltino caiu pela primeira vez em 2009. De lá para cá, foram mais duas participações na Série B, em 2014 e 2016. Se terminou em terceiro lugar com campanha discreta nas duas últimas quedas -- em 2016, o Vasco só confirmou o acesso somente na última rodada --, os cariocas sobraram em 2009. Ainda estruturado financeiramente, o clube viu as joias Alex Teixeira e Philippe Coutinho surgirem para o futebol profissional. Os jogadores, hoje com relevância internacional, comandaram o Gigante da Colina até o título.

Palmeiras – 2013

A segunda queda palmeirense também foi enfrentada com louvor. Após vencer a Copa do Brasil no primeiro semestre de 2012, o Alviverde não resistiu à dificuldade do Brasileirão e acabou amargando o rebaixamento pela segunda vez. A reestruturação ficou por responsabilidade do técnico Gilson Kleina, que viria a ter outra passagem pelo clube anos depois. Naquela campanha, alguns nomes chamaram a atenção: Fernando Prass, no gol, Henrique, na zaga, Léo Gago e Valdívia, no meio de campo, e Alan Kardec e Leandro, no ataque.

No fim, o Palmeiras fechou a participação na Série B com 79 pontos em 38 rodadas, o que lhe deu 69% de aproveitamento. Também foi o time que mais balançou as redes (71 vezes) e o que menos foi vazado (28 gols) em 2013.

O acesso, por outro lado, virou drama com uma campanha péssima em 2014 e que quase resultou em um novo rebaixamento. A manutenção na elite com apenas 40 pontos foi o milagre que o clube precisava para mudar radicalmente e ganhar destaque com o aporte da patrocinadora Crefisa.

E na Segunda Divisão do Brasileirão de 2020, quem será que leva a melhor nas próximas rodadas rumo ao título? Faça as suas apostas na Série B.