O que é o teto salarial da NBA? Como ele funciona e interfere na liga?

Entenda como funciona o teto salarial que visa dar equilíbrio à NBA; sistema, no entanto, é repleto de brechas que resultam desigualdades esportivas
O sistema de ligas nos Estados Unidos funciona de forma semelhante em diversas modalidades. É o caso, por exemplo, da NFL (futebol americano) e da NBA (basquete), as duas marcas esportivas mais ricas do planeta: existe um número determinado de franquias nos dois campeonatos e elas não mudam a cada temporada. Ou seja, não há rebaixamento, algo bem comum no futebol.
Diante desse cenário, espectadores acostumados com o modelo de disputa do futebol às vezes se questionam quando começam a assistir os esportes americanos: como as franquias geram receitas? Quais as estratégias definidas para promover o equilíbrio financeiro e esportivo?
No caso da NBA, há um sistema conhecido por teto salarial que visa justamente equilibrar os times. Outra estratégia da organização do melhor basquete do mundo é distribuir de forma igualitária o valor arrecadado com direitos de transmissão, e não entregar nenhuma premiação em dinheiro ao campeão.
Além disso, o draft sempre leva em consideração o desempenho dos times no ano anterior, e os donos das piores campanhas têm preferência nas escolhas.
O que é o teto salarial da NBA?
Em inglês, o teto salarial da NBA é conhecido por “salary cap”. O sistema nada mais é do que os gastos das franquias com salários de jogadores. O teto foi criado na temporada 1984/85 e é definido anualmente pela liga, que se baseia no lucro do período anterior para estabelecer os limites financeiros para vencimentos. Nesta temporada, o teto salarial da NBA é de US$ 112,4 milhões.
Diferentemente de ligas como NFL e NHL, em que os limites salariais são rígidos, o teto salarial da NBA é considerado flexível. Um ponto que comprova a tese é a taxa de luxo, uma espécie de imposto cobrado sobre o valor que é maior do que o teto salarial de uma equipe. Ou seja, quando uma franquia extrapola o limite.
Funciona assim: quanto mais a folha salarial estiver estourada, maior será a multa paga à NBA. E essas taxas ficam ainda mais pesadas caso a equipe seja recorrente.
Na atual edição da NBA, a taxa de luxo é de US$ 136,6 milhões para quem exceder o valor com salários, quase o dobro do que era praticado uma década atrás, segundo a revista americana Forbes, especializada em finanças.
Por outro lado, a NBA também se preocupa com a qualidade do jogo ao determinar um gasto mínimo das equipes. No acordo coletivo anual, a liga obriga que os times gastem ao menos 90% em folha salarial durante a temporada, sujeito a multas em caso de alguma “gastar pouco”.
Jogador dispensado segue contando na folha da franquia?
Pensando em como é calculado o teto salarial da NBA, é importante citar algumas regras. A que talvez mais gere dúvidas é em relação a jogadores dispensados durante a temporada. O salário desse atleta que deixa o time segue contabilizando na folha salarial de uma franquia?
A resposta é: depende. Caso alguma outra equipe acerte com o jogador dispensado em até 48h após o desligamento, esse novo time assume todo o contrato – veja quais são as transferências mais polêmicas na história da NBA.
Se isso não ocorrer, a franquia responsável pela dispensa seguirá pagando os vencimentos até o final – e isso faz com que ele siga aparecendo na folha salarial. A seguir, veja quais são as principais brechas do teto salarial da NBA.
As brechas do sistema de teto salarial da NBA
Larry Bird exception
O nome dessa brecha no teto salarial da NBA tem a ver com o astro Larry Bird. A exceção foi criada quando o ex-atleta foi renovar seu contrato com o Boston Celtics. Com a Bird exception, a franquia pode estourar o teto salarial com isenção de multas se for atualizar o vínculo de um jogador que esteja há pelo menos três anos no time. Ela também permite que o novo contrato seja de cinco anos, enquanto o padrão da liga para novos acordos é de no máximo quatro anos.
Early Bird exception
A regra Early Bird exception segue a mesma lógica da outra brecha que leva o nome do ídolo dos Celtics. Ela serve para jogadores que estão há duas temporadas na mesma equipe da NBA e vão renovar o vínculo. Eles podem assinar um novo acordo de dois a quatro anos e com um salário que seja, no máximo, 180% maior do que a remuneração anterior ou a média da liga – neste caso, considera-se o maior valor.
Mid-level exception (MLE)
Outra brecha famosa do teto salarial da NBA é a Mid-level exception (MLE). A regra permite que uma equipe que esteja acima do teto possa fazer uma nova contratação, mesmo estando na “zona de multa” por romper o limite estabelecido.
Bi-annual exception
A liga bonifica as franquias que respeitam o limite salarial. A cada dois anos, quem não paga a taxa de luxo tem direito a usar US$ 1,6 milhão por duas temporadas, com um ou mais jogadores. Importante: esse valor não entra na conta do teto salarial do time.
Rookie exception
Esta regra é feita para contrato com calouros. A exceção permite que as equipes assinem com as escolhas de primeira rodada do draft por valores tabelados, mesmo que para isso seja necessário ultrapassar o teto salarial.
Minimum Salary exception
A exceção em questão permite que as franquias do melhor basquete do mundo contratem jogadores pelo “salário mínimo” da liga sem sofrer com multas.