NBA: pivôs cresceram e ganharam relevância em 2019/20; entenda o que mudou

Questionados depois do sucesso do Golden State Warriors, pivôs voltaram a se destacar na NBA, mas mudando um pouco as funções em quadra; entenda
As cinco temporadas de domínio do Golden State Warriors mexeram com a NBA. Cinco títulos, um time arrasador e nenhum adversário que pudesse fazer frente. Não à toa, tudo que se fazia fora do time de Stephen Curry passou a ser questionado: afinal, alguém acabaria com a supremacia da franquia de San Francisco?
Na última temporada (2019/20), no entanto, os Warriors sofreram com lesões (Curry quebrou a mão e Klay Thompson não conseguiu jogar desde o começo) e foram eliminados. Enfim caíram. Só que, mais que a derrocada da equipe pentacampeã consecutivamente, a jornada passada colocou em alta novamente os pivôs, posição que havia ficado em xeque no basquete norte-americano depois do sucesso dos Warriors.
Quando o time de San Francisco venceu por cinco anos e não deu chances para qualquer rival, os pivôs sofreram. Uma vez que o esquema de jogo do time não privilegiava atletas da posição ou que jogassem de costas, e a engrenagem rolava, de forma arrebatadora, com os Warriors jogando de frente para a cesta, a crítica da NBA começou a questionar até quando a função teria espaço, qual seria o prazo de validade de um pivô.
Soma-se a isto o fato de que o estilo de jogo da liga se mostra cada vez mais agressivo e de força física. Ou seja, caberia nos times, ainda, um jogador que praticamente fica parado ‘fazendo volume’ no ataque e que pouco participa das movimentações?
A última temporada provou que sim. Mais que isso, a disputa dos playoffs destacou uma mudança dos pivôs na NBA. Os grandalhões, agora, participaram mais do jogo, saem do garrafão e até arremessam de três. Eles estão em evolução e há alguns nomes que puxam esta fila da evolução da posição.
Nikola Jokic
Pivô do Denver Nuggets, Jokic abre a lista de pivôs que vêm se reinventando na liga e tiveram desempenho satisfatório na última temporada fora do garrafão. Somente nos playoffs, o grandalhão de 2,13m converteu 43,2% das bolas de três que tentou desde que a pós-temporada foi iniciada. Ele ficou na expressiva 21ª colocação entre os atletas que tentaram ao menos dois arremessos do tipo nas partidas eliminatórias.
A seu favor, o sérvio tem habilidade com a bola. Mas há um esforço diário para manter a forma física e a mobilidade. “Ele [Jokic] é um jogador que me impressiona muito pela capacidade física e pela habilidade e talento. Ele malha todo dia, não importa a cidade que a gente está. Você vê o biotipo do corpo dele, tem o que mudar ainda”, disse Felipe Eichenberger, preparador físico dos Nuggets, em entrevista à “ESPN”.
Daniel Theis
Outro pivô da NBA que está em alta desde o término da última temporada é Daniel Theis. O atleta do Boston Celtics não teve bom desempenho nos arremessos de três na pós-temporada, é verdade, mas conseguiu 33,3% de taxa de conversão nas bolas de longa distância na temporada regular.
Nos playoffs, ele arremessou 24 vezes de fora do garrafão. O número parece baixo, mas se comparado ao desempenho do lendário Shaquille O’Neal mostra a evolução dos pivôs na liga. O’Neal arremessou chutou apenas 22 bolas de três em toda a sua carreira, de 1993 a 2011. Ou seja, foi um pivô clássico, estático para fazer a parede no garrafão e pegar rebotes -- diferentemente de Theis e os outros nomes de destaque na liga hoje em dia.
Anthony Davis, o ‘não-pivô’
Depois de LeBron James, Anthony Davis é o principal jogador do Los Angeles Lakers, atual campeão da NBA. Registrado na posição 4, o atleta já declarou abertamente que não gosta de atuar como pivô. Esta condição, no entanto, talvez o coloque como principal representante do ‘novo-pivô’. O porte físico e os 2,08m certamente o fazem parecer como qualquer grandalhão, mas Davis mostra muito mais coisa em seu repertório.
O astro dos Lakers terminou a temporada com médias de 26,1 pontos, 9,3 rebotes e 3,2 assistências, e status de destaque dos playoffs. Os números, e a versatilidade em quadra, exemplificam as mudanças dos grandalhões.
Se antes se esperava deles força física, pontos ao redor do garrafão e, principalmente, rebotes, hoje é preciso caminhar mais em quadra e cumprir várias funções na hora do ataque e da defesa. É assim que os finalistas da última temporada ganharam importância dentro de seus times.
Nos Lakers, como Davis não tem perfil de pivô estático, JaVale McGee e Dwight Howard ganharam espaço muitas vezes. Algo inimaginável no início no século, o time de Los Angeles fez, em alguns momentos, uma transição ao ataque com três grandalhões em quadra. Mas a presença do trio ‘alto e pesado’ não foi necessariamente um problema, já que eles combinam agilidade, força e movimentos para jogar até mesmo no mano a mano.
Bam Adebayo
O grande destaque da ‘classe’ na última temporada foi Bam Adebayo. O pivô do Miami Heat foi um dos grandes nomes da equipe nos playoffs e coleciona lances importantes fora do garrafão, mesmo com seus 2,06m. Um exemplo desta presença do atleta em outras funções foi no lance em que bloqueou o arremesso de Jayson Tatum, ala dos Celtics. Com agilidade e explosão, protagonizou uma das maiores jogadas defensivas da história da NBA e garantiu a vitória da franquia naquele jogo.
Ele, claro, também é presente embaixo do garrafão e em rebotes, quando necessário. Na última temporada, teve médias de 15,9 pontos, 10,2 rebotes e 5,1 assistências e foi um dos melhores do Heat.